Depois de quase uma década apagado no Estadual, em 1968 o Athletico Paranaense começou uma verdadeira revolução em seu time. Foram meses de negociações, conversas, viagens, contratos e acertos para colocar em prática um sonho de tornar o maior time da capital paranaense grande no cenário nacional. E com muito esforço, tudo começou a dar certo naquele ano.
O Furacão foi atrás de craques consagrados, como Bellini, Djalma Santos, Zé Roberto e Dorval. Uma verdadeira revolução no futebol paranaense. E ainda trouxe dois nomes menos conhecidos, mas que se tornariam símbolos para a torcida atleticana: Sicupira e Nilson Borges.
O time que o presidente Jofre Cabral e Silva montou ficaria para sempre na memória dos atleticanos. Principalmente pelas memoráveis jornadas no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, quando encarou de igual para igual os principais times do Brasil e conquistou vitórias épicas sobre Santos, Fluminense, São Paulo e Corinthians.
Nasciam ali grandes ídolos rubro-negros para toda a história!
Sicupira chegou ao Athletico em 1968 e honrou nosso manto por oito anos. Nesse período, consagrou-se como o maior artilheiro do Clube de todos os tempos, com 157 gols, e ficou conhecido como o eterno camisa 8 do Furacão ou, como muitos gostam de dizer, “o craque da 8”.
No dia 2 de setembro, em seu primeiro jogo com a camisa rubro-negra, Sicupira deu uma amostra para todos os torcedores presentes de porque seria considerado um dos grandes ídolos do Clube. Seu primeiro gol foi uma bela bicicleta contra o São Paulo, marcando o tento que garantiria o empate para o Furacão.
Filho de Caju, Alfredo herdou do pai duas características: o amor pelo Athletico Paranaense e a habilidade em jogar futebol.
Defendeu o time rubro-negro por 12 anos e até hoje é considerado por muitos o melhor quarto zagueiro que já vestiu a camisa rubro-negra, por sua técnica apurada na saída de bola, sempre evitando os chutões, e pela incrível habilidade em se antecipar para cabecear.
O maior lateral-direito do mundo. Só dessa forma podemos definir Djalma Santos. E sua chegada no Athletico foi algo que marcou para sempre todo o futebol paranaense.
Djalma Santos chegou já no final de carreira, mas isso não o impediu de mostrar toda a sua habilidade e força em campo.
Era um atleta simplesmente incrível e provou isso em sua última partida como jogador, aos 41 anos, quando, contra o forte do time do Grêmio, fez o marcador Loivo cansar durante os 90 minutos, dando chapéu, caneta, meia-lua, embaixadinha com a cabeça e até uma bicicleta. Dizem que nem todas as palavras do mundo podem descrever o que aconteceu naquele dia.
Um final digno de um gênio.
O capitão do primeiro título mundial brasileiro, em 1958, já estava com 37 anos, mas continuava desfilando seu vigor e liderança pelos gramados quando aceitou o convite para vestir a camisa rubro-negra. No Furacão, foi ídolo da torcida e referência para o time durante dois anos.
Encerrou sua carreira no Athletico, em um Atletiba em que foi aplaudido até pelos rivais. Uma justa despedida para um dos maiores nomes do futebol brasileiro.
Em uma época de grandes craques na posição, como Pepe e Zagallo, Nilson Borges era apontado por eles mesmos como um dos maiores pontas esquerdos do Brasil. Quando chegou à Baixada, já havia passado por Portuguesa, Corinthians e pelo futebol de Portugal e da Bélgica. Mas foi aqui que Nilson encontrou a sua casa.
Defendeu a camisa rubro-negra entre 1968 e 1974. Encerrou a carreira devido uma fatal sequência de lesões nos joelhos, frutos da truculência dos beques que só conseguiam pará-lo na base da falta. Neste período, ajudou o Furacão a encerrar o seu maior jejum de títulos e conquistou uma legião de fãs.
Após pendurar as chuteiras, continuou trabalhando no Athletico Paranaense. O que continua fazendo até hoje. São 50 anos de dedicação às cores vermelha e preta.
Um verdadeiro caso de amor correspondido.
Jofre Cabral e Silva assumiu a presidência em uma época difícil. E foi logo travando uma imensa batalha para manter o Furacão no seu lugar: o topo do futebol paranaense. Vencida a primeira batalha, era hora de balançar as estruturas.
Foi através do trabalho e da força empreendedora de Jofre Cabral que o Rubro-Negro conseguiu montar o timaço de 1968. Pessoalmente, ele foi atrás dos craques que formaram o esquadrão rubro-negro, convencendo verdadeiras lendas do futebol brasileiro a virem para a desfilar seu talento por aqui.
Jofre morreria ainda naquele ano, na arquibancada, vítima de um ataque cardíaco fulminante, enquanto acompanhava o Athletico em uma partida em Londrina. Foi no dia 2 de junho de 1968, no Estádio Vitorino Gonçalves Dias.
Uma grande comoção tomou conta da torcida rubro-negra, que acompanhou seu cortejo pelas ruas de Curitiba.