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Entrevista coletiva sobre Dagoberto
Em entrevista coletiva, nesta tarde, na sala de imprensa da Kyocera Arena, o Clube Atlético Paranaense se pronunciou sobre o caso Dagoberto. O Conselheiro Gestor Jurídico, Dr. Marcos Malucelli e o segundo presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Diogo Fadel Braz explicaram os detalhes da decisão judicial da 8ª Vara do Trabalho, que prorrogou o contrato do atacante Dagoberto com o Atlético por mais 250 dias. Confira a entrevista, na íntegra:
CASO DAGOBERTO – INTRODUÇÃO
Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“O imbróglio Dagoberto é um assunto que vem se desenvolvendo há muito tempo com
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| Dr. Marcos Malucelli (esq.) e Dr. Diogo Fadel Braz explicaram a situação do Dagoberto Foto: Site oficial |
Fizemos uma reunião no apartamento do Sr. Carlos Massa, ele não estava presente, mas estava seu filho, o representante da empresa, mais dois representantes da empresa que são os irmãos Malaquias, o próprio jogador e o advogado deles. Naquela oportunidade, tentou-se a prorrogação do contrato por mais um ano e eles ficaram de propor alguma coisa para fazermos esse acordo. A reunião foi até tarde e não chegamos à conclusão nenhuma.
Dias depois, fomos procurados pelo advogado da Massa Sports dizendo que concordava com a prorrogação do contrato por mais um ano. Desde que ajustássemos seu salário e que o Atlético pagasse um milhão de euros pela prorrogação do contrato de um ano. Evidentemente que não foi aceito e afastamos qualquer hipótese nessas condições.
Dias depois, eu retomei a conversa com ele e fiz uma reunião na Massa Sports. Estavam presentes os irmãos Malaquias, um outro representante Carlinhos. Presente o jogador, que ficou por poucos instantes, mas esteve lá presente. E reiniciamos uma outra forma de diálogo afastando essa prorrogação e tentando assinar um novo contrato por mais dois anos. Venceria em 2009. Estaria faltando um ano e teríamos mais dois anos pelo contrato. Daqui para frente seriam três anos. Por iniciativa deles, insistência deles, concordamos em dar para o jogador um reajuste de salário e uma participação nos direitos financeiros em uma eventual venda. Iniciamos oferecendo 15% de participação e eles não aceitaram. Fizemos outras reuniões e eles pediram 35% de participação, pediram uma luva, pediram aumento salarial. Depois de muita conversa, conseguimos chegar a um valor de salário.
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| Foto: Site oficial |
Na reunião que fizemos na sede da Massa Sports, ficou pendente a questão do prazo. Eles não aceitavam o prazo até 23 de julho de 2009. Queriam que esse contrato fosse até 2008. Então nós emperramos na questão do prazo. E ainda também na participação. Chegamos a 25% na janela de agosto (período de negociação com o exterior) e fomos a 30% na outra janela de janeiro. Ele queria ser vendido agora em agosto. E ele já teria absorvido o valor da luva, porque já teriam passados as seis parcelas. Tudo isso nós fizemos por ele. Eles assinariam o contrato até julho de 2009 e ficaríamos no prazo. Cedemos mais um pouco e ajustamos o prazo do contrato até dezembro de 2008. Combinamos que iríamos assinar o contrato.
Para minha surpresa, no dia 24 de maio, um dos procuradores dele, o Marcos Malaquias foi ao meu escritório dizendo que tinha feito uma consulta a três advogados. E que os advogados teriam instruído ele e o Dagoberto, que só poderia assinar o contrato com o Atlético nestas condições: desde que a multa rescisória para clubes nacionais continuasse em 5 milhões e 460 mil reais. Eles concordavam com a multa para clubes estrangeiros e poderíamos até aumentar essa multa. Ou seja, nós ficaríamos com um contrato por vencer e, com um simples depósito, ele iria embora. E lógico que eu não poderia fazer isso de maneira alguma. Ele alegava que essa multa era para, se eventualmente o Atlético fizesse alguma coisa contra o Dagoberto, ele depositaria isso e iria embora.
Encerramos a negociação no dia 24 de maio, era um dia que jogávamos à noite contra o São Caetano. Eu ainda fiz uma sugestão para ele para tentarmos contornar a situação. Ele disse que consultaria os seus advogados e que daria um retorno no dia seguinte. Não me deu o retorno e depois eu cobrei dele. Ele disse que não tinha ainda um parecer favorável dos advogados e nunca mais me procurou. Fiquei sabendo que as conversas estavam encerradas por matérias nos jornais com declarações dos procuradores e do jogador.
Essa foi então a conversa. O Atlético cedeu tudo. Chegou a 30% do valor da venda que seria ao jogador. Aumentou o salário e deu luvas. E ainda sim não conseguimos renovar. Porque evidentemente já havia uma intenção pré-determinada. Ele ficaria até
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Dr. Diogo Fadel Braz explicou a ação |
Sabemos que têm clubes negociando com representantes dele. Nós chegamos a um ponto que tínhamos que tomar uma decisão buscando nossos direitos na Justiça. Contratamos um escritório em São Paulo, juntamente com o nosso escritório aqui de Curitiba, Macedo Braz, que nos atende na área trabalhista, em parceria com o escritório do Dr. Almir Pazianoto de São Paulo. Eles estudaram o caso e toda a legislação esportiva. Foram assessorados por um outro escritório que trata desta questão desportiva, que tem muito conhecimento da Lei Pelé e da legislação toda. Ingressamos com uma medida judicial e conseguimos ontem uma liminar do juiz determinando a prorrogação do contrato dele por 250 dias e já comunicando a CBF. Nosso pleito são 348 dias. Mais de três meses de diferença que, no decorrer do processo, achamos que ainda vamos conseguir aumentar essa prorrogação.
Nada impede que, no dia 24 de julho, ele faça o depósito do valor em reais e vá embora. Mas agora não por 5 milhões e sim algo em torno de 17 milhões de dólares. Nós não podemos fazer absolutamente nada. Isso para transferência nacional. A internacional prevalece em 25 milhões de dólares. Evidente que Atlético está buscando preservar o patrimônio que tem. E investir no jogador. Ele está aqui desde 2001. Ficou praticamente 11 meses parado e o Atlético pagou todos os honorários médicos, com despesas de viagens e tratamento e não deixou de pagar salários. Recebeu absolutamente tudo. Não acredito que eles tenham algo a reclamar. Eles poderão fazer a contestação dessa decisão. E ele está apto a jogar, à disposição do treinador e com o contrato em plena vigência.”
Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Em relação ao processo a partir do dia 24 de maio, quando a negociação foi encerrada, começamos a debater sobre o assunto. Não é costumeiro um clube entrar
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| Foto: Site oficial |
A partir do décimo sexto dia do seu afastamento no acidente no jogo contra o Paraná Clube, o Dagoberto poderia estar amparado apenas pela Previdência Social, recebendo o teto estabelecido pela Previdência. Mas o Atlético pagou mês a mês, todo o valor da sua remuneração, custeou não apenas as despesas dele e sim dos seus acompanhantes, todo o procedimento pré-operação, a cirurgia nos Estados Unidos e a recuperação até o final. Nosso pleito era 348 dias, que contaria desde a data no jogo contra o Paraná até a escalação dele em dois de outubro na partida contra o Flamengo. Este período até o jogo em 2 de outubro contra o Flamengo ainda estaria integrado a este afastamento. O juiz limitou a 250 dias, porque corresponde desde o acidente até a alta médica, no jogo com o Coritiba.
Temos uma audiência designada para o dia 10 de agosto próximo. Ocasião em que o Dagoberto, através dos seus advogados, vai apresentar sua defesa e o processo segue o seu curso natural.
Infelizmente, não temos como prever uma decisão judicial. Não sabemos se será o
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| Foto: Site oficial |
EX-PRESIDENTE
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Evidente que isso não é bom. Ter um ex-presidente do Atlético na direção de uma entidade que concorre com o Atlético. Há uma ligação sem dúvida e eu não sei até aonde ela vai. Sabemos de ouvir falar, mas não sei até onde isso vai. Eu mesmo participei de uma reunião com dois representantes da Massa e presente estava o Sr. Ademir Adur. Não sei qual é o relacionamento deles fora dessa mesa de negociação. O que se diz é que o Carlos Massa teria participação do clube Astral. Tivemos uma reunião para tratar do caso Dagoberto e estavam presentes os irmãos Massa. Um era o deputado e outro o Gabriel, que faz parte da sociedade acompanhados do Ademir Adur.”
CORPO MOLE
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Nem sei se fazia corpo mole. Eu sei que nós temos que preservar o direito do Atlético nos direitos federativos. Não podemos julgar, mas talvez olhando o histórico você (jornalista) tenha uma noção. Lembro que a última vez que pedi para o departamento de futebol que fizesse um levantamento, tínhamos 314 jogos do Atlético dos quais ele tinha participado de 143. Não davam 45% dos jogos do Atlético nos últimos 4 anos. Veja que é um jogador que participou pouco. Ele não tem na verdade uma história dentro do Atlético. Não lembro de um jogo decisivo que nós contamos com o Dagoberto e que ele tivesse sido decisivo e que nos tivéssemos ganhado algum título. Nesses 143 jogos, ele fez em torno de 40 a 45 gols. Também pouco para um atacante de prestígio e de nome como ele. “
REUNIÕES
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico

Dr. Marcos Malucelli explicou como foram as negociações
Foto: Site oficial
“Na primeira reunião que eu fui, estavam o presidente Petraglia, o presidente Fleury e o Mauro Holzman representando o Atlético. Eles participaram efetivamente, até o momento que houve um desgaste muito grande e eu resolvi fazer essas reuniões sozinho com eles.”
SAÍDA
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“A revelia ele não pode sair. Ele não aceitando terá que cumprir o contrato mais esses oito meses, inclusive. Com essas propostas que já tivemos do próprio Hamburgo, poderemos pedir um ressarcimento. Fica evidente (segundo a pergunta do jornalista) que haveria uma má fé e nos contratos civis prevalece a boa fé das partes. Se apresentarmos uma proposta e ele não aceitar, daqui a pouco completa o fim do contrato e ele vai embora. Se isso acontecer, nós podemos recorrer à própria FIFA para estipular uma multa para que ele nos embolse os prejuízos que ele nos trouxe.”
PONTE PARA O EXTERIOR
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Se um time do Brasil o comprasse, este poderia ser uma ponte evidente. Com um depósito, ele poderia fazer essa ponte. Nós temos conhecimento de algum clube brasileiro por notícias. Nós temos por notícias que pelo menos três clubes estariam negociando com ele. Não tem porque revelar quais são os três clubes que ouvimos falar que estão interessados no Dagoberto, porque nenhum desses três clubes fez contato com o Atlético.”
ESCALAÇÃO
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Esse critério de ele se empenhar ou não cabe avaliação do departamento de futebol profissional. Legalmente, ele tem condições de jogo, se vão utilizá-lo ou não vai da comissão técnica, do técnico e do departamento de futebol.”
PROPOSTA NEGADA
– Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Com a negociação com o Hamburgo ninguém entendeu o que aconteceu. Os alemães ficaram duas reuniões sentados à mesa esperando a presença dele, que não aconteceu. Então, nem nós nem os alemães temos a notícia do porquê não ter sido feita aquela negociação.”
RENOVAÇÃO
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Em primeiro momento, achei que eles queriam mesmo renovar. Mas quando a cada reunião vinha um telefonema dizendo que precisava sempre mais alguma coisa, cheguei à conclusão que o objetivo era deixar o tempo passar para o valor da multa cair e eles efetuarem o depósito. O que chamou a atenção no processo foi a demora para
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| Foto: Site oficial |
INTERESSE NO DAGOBERTO
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“O Dagoberto e mais 40 e poucos atletas que estão registrados todos são pertencentes ao clube, são patrimônio do clube, então temos interesse. Pode deixar uma mágoa, já tivemos tantas situações. O futebol você sabe que hoje é alegria e amanhã é tristeza. Eu acho que fica uma marca e fica uma mágoa, mas faz parte do negócio do futebol. Hoje em dia, o jogador cada vez mais está preocupado em ganhar dinheiro do que com o apego à camisa.”
REPRESENTANTES DAGOBERTO
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Quem cuida disso tudo é uma pessoa jurídica, a Massa Sports. Nas três ultimas reuniões foi o Marcos Malaquias que estava. De maneira que, para mim, é a Massa Sports. Apesar de que eu tenho lido nos jornais que eles estavam rompendo a sociedade. Tem uma nota de esclarecimento. Mas uma nota de esclarecimento é uma nota, o contato comigo foi feito pela Massa Sports.”
EXCEÇÃO AO CASO
– Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Que eu tenha conhecimento, nenhum outro jogador aqui do Atlético jamais teve esse tipo de processo. Isso era uma exceção que estava sendo feita ao Sr. Dagoberto. Tem jogador que tem participação (direitos federativos), alguns com parcerias com terceiros. Mas, nesse caso específico, que o Dagoberto tinha 0% de participação e chegamos a 30%, isso não existe na história do Atlético.”
ESCRITÓRIO GIOVANI GIONÉDIS
– Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Consta nos autos do processo a defesa do Dr. Fernando Barrionuevo, que faz parte do escritório do Giovani Gionédis.”
CASO ALOÍSIO
– Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Aloísio, também a exemplo do Dagoberto, é uma decisão preliminar. Foram quatro posicionamentos, dois favoráveis ao Atlético e dois favoráveis ao Aloísio, sendo que o último foi favorável ao atleta. A juíza entendeu que para proteger o direito do trabalho dele, liberou provisoriamente o Aloísio para atuar pelo São Paulo. Há algumas matérias pendentes de provas ainda. No dia 25 de julho, a juíza deliberará, em uma sentença, se o Aloísio mantém um contrato com o Atlético ou se o contrato com o São Paulo é válido. A situação fática dos dois casos é absolutamente diferente uma da outra. No caso do Aloísio se discutia se ele tinha um contrato com o Atlético ou se valeria o contrato com o São Paulo. No caso do Dagoberto ele tem contrato válido com o Atlético e não tem com mais nenhum outro clube.”





