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Íntegra da coletiva sobre o Dagoberto

Em entrevista coletiva, na sala de imprensa da Kyocera Arena, o Clube Atlético Paranaense se pronunciou sobre o caso Dagoberto. O Conselheiro Gestor Jurídico, Dr. Marcos Malucelli e o segundo presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Diogo Fadel Braz explicaram os detalhes da decisão judicial da 8ª Vara do Trabalho, que prorrogou o contrato do atacante Dagoberto com o Atlético por mais 250 dias. Confira a entrevista, na íntegra, inclusive com as perguntas dos repórteres:


CASO DAGOBERTO – INTRODUÇÃO


Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico


“Vamos tratar desse imbróglio Dagoberto. É um assunto que vem se desenvolvendo há muito tempo com sucessivas reuniões. Na tentativa de se compor uma renovação de contrato ou até mesmo uma prorrogação de contrato pelo tempo em que ele ficou contundido. Depois das sucessivas reuniões com a diretoria, houve um desgaste tanto no contato com o jogador quanto com seus procuradores: a Massa Sports. E essa questão, aproximadamente no mês de março/ início de abril, foi passada para o departamento jurídico. Através de uma deliberação do próprio Conselho Deliberativo do clube, a questão deveria ser, daquele momento para frente, desenvolvida pelo jurídico. Foi, então, que comecei a ter contato com a Massa Sports.
 
Fizemos uma reunião no apartamento do Sr. Carlos Massa, ele não estava presente.






Dr. Marcos Malucelli explicou como foram as negociações
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Mas estava seu filho, o representante da empresa, estavam mais dois representantes da empresa que são os irmãos Malaquias, o próprio jogador e o advogado deles. Naquela oportunidade, tentou-se uma prorrogação do contrato por mais um ano. Eles ficaram de propor alguma coisa para nós fazermos esse acordo. E a reunião foi até tarde, mas não chegamos à conclusão nenhuma.


Dias depois, fomos procurados pelo advogado da Massa Sports, dizendo que concordava com a prorrogação do contrato por mais um ano. Desde que se ajustasse um novo salário e o Atlético pagasse ao jogador um milhão de euros pela prorrogação do contrato por um ano. Um novo valor de salário a ser conversado e um milhão de euros pela prorrogação. Evidentemente que não foi aceito e afastamos qualquer hipótese nessas condições.


Dias depois, eu retomei a conversa com eles e fiz uma reunião no escritório da Massa Sports. Presentes os dois irmãos Malaquias, presente o outro representante Carlinhos. Presente o jogador, que ficou por poucos instantes, mas esteve lá um tempo. E reiniciamos, então, uma outra forma de diálogo afastando essa prorrogação e tentando, então, assinar um novo contrato por mais dois anos. Em vez de vencer em 2007, venceria em 2009. Seriam, daqui para frente, três anos. Por iniciativa deles, insistência deles, concordamos em dar para o jogador, além do reajuste de salário, uma participação nos direitos financeiros no caso de uma eventual venda. Iniciamos oferecendo 15% de participação e eles não aceitaram. Fizemos outras reuniões, pediram 35% de participação nos direitos financeiros, pediram uma luva, pediram aumento salarial. Nós, depois de muita conversa, conseguimos chegar a um valor de salário. Acertamos a questão da luva que nós daríamos a ele. Posso revelar o valor de 300 mil reais em 6 parcelas de 50 mil a partir de julho agora (de julho a dezembro). Na eventualidade de ele ser vendido nessa janela (período de negociação para o exterior) de julho/agosto, ele devolveria essas duas, porque seriam dadas para ele como promissórias. Se eventualmente ele já não tivesse mais as promissórias, porque poderia tê-las negociado, seriam abatidas da participação dele. Ajustamos a questão da multa. Como o salário dele seria de 30 mil reais, a multa nacional, por conseqüência, seria de 39 milhões de reais. E a multa para clubes do exterior, que hoje é de 25 milhões iria para 30 milhões de dólares. (O atleta receberia mensalmente, entre salários e luvas, valor equivalente a 110 mil reais).
 






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Mas ficou pendente, nessa reunião que fiz com eles na sede da Massa Sports, a questão do prazo. Eles não aceitavam o prazo até 23 de julho de 2009. Queriam que esse contrato fosse até 2008. Então, nós emperramos na questão do prazo. E ainda também da participação, que nós tínhamos oferecido 15% e eles queriam 35%. Nós chegamos a 25% de participação na primeira janela, agora de agosto, e fomos a 30% na segunda janela, caso não fosse vendido em agosto. E ele queria ser vendido agora em agosto. Se aparecesse algum clube agora, ele iria embora e teria a participação de 25%. Se não fosse vendido agora em agosto e fosse na segunda janela de janeiro próximo a participação dele iria a 30%. E, nesta hipótese, ele já teria absorvido também os 300 mil da luva, porque os seis meses das seis parcelas já teriam vencido até dezembro. Tudo isso nós fizemos para ele.


Então, estava certo. Ele teria uma participação de 25 agora, 30% em janeiro, receberia as luvas de 300 mil em 6 parcelas de 50 mil e assinaríamos o contrato até julho de 2009. Não, 2009 ele não quis, queria 2008. Ficamos no prazo. Depois, cedemos mais um pouco e ajustamos o prazo do contrato até dezembro de 2008. Manteríamos os percentuais de 25% e 30% na segunda janela, o salário, as luvas e combinamos, então, que em seguida assinaríamos o contrato.


Para minha surpresa, no dia 24 de maio, um dos procuradores dele, o Marcos Malaquias foi ao meu escritório. Tinha feito uma consulta a três advogados e não revelou os






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nomes dos advogados. Disse que os advogados teriam o instruído e também ao Dagoberto, que só poderia assinar o contrato com o Atlético nestas condições: desde que a multa contratual rescisória para clubes nacionais permanecesse em 5 milhões e 460 mil reais. Valor este que deveria valer a partir do dia 23 de julho próximo. Ou seja, ele concordava com a multa para clubes estrangeiros em 30 milhões e me disse que poderíamos pôr até mais de 30 milhões, que não teria problema. Porque, com isso, ele achava que evitaria especulações. Mas a multa nacional teria que ser de 5 milhões e 460 mil reais. Ou seja, ele, a partir do dia 23 de julho, com um contrato assinado conosco até o dia dezembro de 2008, com aumento salarial, com luvas, com participação de 25 ou 30% dos direitos econômicos, ainda assim queria que permanecesse a multa de 5 milhões e 460. Porque, com isso, ele poderia a qualquer momento depositar os 5 milhões e ir embora. E nós ficaríamos com um contrato de dois anos e tanto ainda para vencer, com luvas pagas a ele, com participação dada que hoje ele tem 0, ele teria 25 ou 30%. E, com um simples depósito de 5 milhões e 400, ele iria embora. Eu disse a ele que não poderíamos fazer isso de maneira alguma. É ilógico, não tem quem faça uma coisa dessas. Ele dizia para mim, ele quando eu falo é o representante Marcos Malaquias, porque o Dagoberto não estava na reunião. Ele insistia que não utilizaria essa cláusula, dos 5 milhões 460 mil. Porque ele cumpriria o contrato, tentaria uma negociação agora em julho ou em janeiro e seria pelo valor da multa internacional. Eu disse: Se vai cumprir o contrato até julho ou até dezembro e será vendido pela multa internacional, por que então esses 5 milhões e 460?. Ele disse que era porque se, eventualmente, o Atlético fizesse alguma coisa contra o Dagoberto, ele depositaria e iria embora. Eu disse, então, que não tinha negócio. 


E encerramos a negociação no dia 24 de maio, no meu escritório, onde ele esteve. Foi um dia em que jogávamos contra o São Caetano, se não me engano. Ele ficou mais de uma hora no meu escritório e não conseguimos. Eu ainda até fiz uma sugestão para ele de uma cláusula que queríamos colocar. Que poderia contornar, quem sabe, esses






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problemas dos valores em reais. Ele disse que consultaria os advogados e me daria um retorno no dia seguinte. Não me deu o retorno e depois eu cobrei. Ele disse que não tinha ainda um parecer jurídico dos advogados, nunca mais me procurou e encerraram as conversas. Fiquei sabendo que as conversas estavam encerradas por publicações nos jornais com declarações dos procuradores e do jogador.   


Essa foi então a conversa. O Atlético cedeu tudo. Chegou a oferecer ao jogador 30% do que fosse alcançado com a venda dele. Aumentou o salário e chegou a ajustar luvas. E ainda sim não conseguimos renovar. Porque, evidentemente, já havia uma intenção pré-determinada. Isso ficou mais evidente em janeiro, quando houve uma proposta de um clube alemão que esteve aqui e eles não quiseram conversar. E isso está nos jornais com declarações dos representantes, dizendo que não tinha o menor interesse em conversar, que o Dagoberto cumpriria o contrato. Cumprir o contrato nada. Ele ficaria até julho e depois negociaria por 5 milhões e tantos de reais. Então, isso tudo é prejuízo que tem o Atlético. Não o vendemos em janeiro, porque ele não quis. Para ele ficar em julho, pagar 5 milhões e 400 e ir embora.


Agora mesmo, nós sabemos que têm clubes tratando com representantes do jogador. E eu já não sei quem são os advogados. Mas o advogado, que participou da primeira reunião, esteve recentemente tratando com um clube de São Paulo para fazer o depósito do Dagoberto no dia 24 de julho. Nós chegamos a um ponto que tínhamos que tomar uma decisão buscando os direitos do Atlético na Justiça. Contratamos um escritório em São Paulo, juntamente com o nosso escritório aqui de Curitiba, Macedo Braz, que nos atende na área trabalhista. Em parceria também com o escritório do Dr. Almir Pazianoto de São Paulo. Eles estudaram o caso e toda a legislação esportiva. Foram assessorados por um outro escritório que trata desta questão desportiva, que tem muito conhecimento da Lei Pelé e da legislação toda. Ingressamos com uma






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medida judicial e obtivemos ontem uma antecipação de tutela, ou como se fosse uma liminar do juiz. Determinando e já oficiando à CBF a prorrogação do contrato dele por 250 dias. Não é o nosso pleito. Nosso pleito é de 348 dias. Há ainda uma diferença de 98 dias, três meses, que no decorrer do processo achamos que conseguiremos aumentar essa prorrogação.


Evidentemente, com a prorrogação, aquele inciso do artigo 28 da Lei Pelé, que determina a escala de deflação do valor dos direitos federativos, aumenta. Então, sai do percentual de 20 e volta para o percentual de 40%. De maneira que nada impede que agora em 24 de julho, eles façam o depósito do valor em reais e o Dagoberto vá embora. Mas agora não por 5 milhões e sim algo em torno de 16 milhões e tanto, cerca de 7 milhões de dólares. É um direito que ele tem. Nós não podemos fazer absolutamente nada. A não ser autorizar a emissão do certificado de transferência nacional. Essa indenização é exclusiva para transferência nacional. A internacional prevalece em 25 milhões de dólares, não tem deflação, não há um deságio.


O Atlético está buscando preservar o patrimônio que tem, depois de investir no jogador. Ele está aqui desde 2001. Foram praticamente 12 meses que ele ficou inativo e o Atlético custeou absolutamente tudo. Desde a operação fora do país, com os honorários médicos, com despesas de viagens e tratamento. E continuou, nesse tempo todinho, pagando o salário do seu jogador. Não deixou de receber um centavo sequer, embora não prestasse qualquer serviço ao clube e nem pudesse o clube utilizar a imagem dele no período em que ele estava afastado. Assim mesmo, recebeu absolutamente tudo. Não acredito que eles tenham algo a reclamar, também no tocante a isso. Então, essa é a situação. Temos agora esse processo judicial. O Dr. Diogo comanda juntamente com o Dr. Almir Pazianoto, são os advogados encarregados. E eles terão o direito de fazer a sua contestação, a sua defesa, tentar derrubar a antecipação de tutela. Tecnicamente ele está à disposição do treinador. Não sei essa parte do futebol como funciona. Ele está apto a jogar e com contrato em plena vigência, ainda agora por mais oito meses.”


Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo


“Em relação ao processo a partir do dia 24 de maio, quando a negociação foi encerrada, começamos a debater sobre o assunto. Não é costumeiro um clube entrar com uma ação contra o seu empregado. Neste caso específico, o fundamento utilizado e deferido pelo juiz, a antecipação de tutela, foi com base no decreto que está no contrato do Dagoberto que, em caso de acidente de trabalho, esse período






Dr. Diogo Fadel Braz é o responsável pelo processo
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automaticamente seria acrescentado ao prazo original do contrato.


A partir do décimo sexto dia do seu afastamento, que ocorreu no acidente no jogo contra o Paraná Clube, o Dagoberto poderia estar amparado apenas pela Previdência Social, recebendo o teto estabelecido pela Previdência. Mas o Atlético pagou mês a mês, todo o valor da sua remuneração, custeou não apenas as despesas dele e sim dos seus acompanhantes, todo o procedimento pré-operação, a cirurgia nos Estados Unidos e a recuperação até o final. Nosso pleito era 348 dias, que contaria desde a data no jogo contra o Paraná até a escalação dele em dois de outubro na partida contra o Flamengo. Este período até o jogo em 2 de outubro contra o Flamengo ainda estaria integrado a este afastamento. O juiz limitou a 250 dias, porque corresponde desde o acidente até a alta médica, no jogo com o Coritiba.


Temos uma audiência designada para o dia 10 de agosto próximo. Ocasião em que o Dagoberto, através dos seus advogados, vai apresentar sua defesa e o processo segue o seu curso natural.”


PERGUNTAS


1) Fernando Gomes – CNT – Dia 10 de agosto vai haver uma audiência e digamos que seja definido que o atleta deve permanecer somente até esse momento (23 de julho de 2007) do contrato anterior. O Atlético ainda tem condições de recorrer?

* – Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Tem sim. Essa é uma decisão de primeira instância. Cabem ainda recursos ao Tribunal Regional do Trabalho do Paraná e, em uma eventual decisão do Tribunal Regional, cabe um recurso ao Tribunal Superior do Trabalho. São ainda duas instâncias acima dessa em que o processo tramita hoje.”


2) Fernando Gomes – CNT – Mas permanece valendo esse prazo estabelecido de 250 dias mesmo que haja uma reforma de sentença?

* – Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Não. Se vier uma decisão de mérito em relação, ela vai ou manter essa decisão, que é ampliar nos termos do nosso pedido, ou eventualmente, dependendo das razões do Dagoberto, revogar essa decisão que hoje vige.”


3) Fernando Gomes – CNT – Com relação ao que o Dr. Marcos Malucelli acabou de falar, existe agora um novo prazo da prorrogação do contrato do Dagoberto. Isso modifica também a multa que mudou em relação a negociação com clubes brasileiros. Era de 5 milhões 460 mil reais a partir do dia 23 de julho e que agora passa a ser de 16 milhões e poucos. Havendo uma mudança no dia 10 essa multa volta a ser a de 5 milhões e 460?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Se o juiz reconsiderar o prazo, evidente que volta a ser de 5 milhões e 460 mil. Porque a partir do momento que nós não tivermos mais a prorrogação do prazo, o contrato volta ao original. E o original é de que a partir de 23 de julho a multa fica em 5 milhões e 460.”


4) Fernando Gomes – CNT – Os senhores entendem que há a possibilidade de haver uma reforma? Qual a porcentagem de segurança que tem o Atlético de que isto vai ser mantido?


* – Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Infelizmente, não temos como prever uma decisão judicial. Não sabemos se será o mesmo juiz. Eu não poderia ter a ousadia em falar em porcentagem. Mas a decisão é extremamente bem fundamentada.”


5) Jéferson Gomes e Silva – Rádio Colombo – Como todos nós sabemos, a família do Ratinho está envolvida no clube Astral, na escolinha brasileira de futebol e na Massa Sports, com um sócio que foi presidente do Atlético, o Ademir Adur. Como o Atlético vê e sente isso no mercado, além do caso Dagoberto?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Evidente que isso não é bom. Ter um ex-presidente do Atlético na direção de uma entidade que concorre com o Atlético. Há uma ligação sem dúvida e eu não sei até aonde ela vai. Sabemos de ouvir falar, mas não sei até onde isso vai. Eu mesmo participei de uma reunião com dois representantes da Massa e presente estava o Sr. Ademir Adur. Não sei qual é o relacionamento deles fora dessa mesa de negociação. O que se diz é que o Carlos Massa teria participação do clube Astral. Tivemos uma reunião para tratar do caso Dagoberto e estavam presentes os irmãos Massa. Um era o deputado e outro o Gabriel, que faz parte da sociedade, acompanhados do Ademir Adur.”


6) Rafael Faria – TV Bandeirantes – Toda essa novela começou quando o jornal do ETA colocou que o Dagoberto estaria fazendo corpo mole e que não queria jogar. O interesse do Atlético em entrar com essa ação é garantir o mesmo que o Dagoberto, o dinheiro? Prorrogar o contrato com o Dagoberto não vai ensejar ele a fazer mais corpo mole ainda? Não tem essa preocupação?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Nem sei se fazia corpo mole. Isso que você está dizendo foi esse jornal que falou. Eu sei que nós temos que preservar o direito do Atlético no tocante aos direitos federativos e financeiros do atleta. Se tem corpo mole ou não tem corpo mole, vocês próprios podem julgar. Talvez olhando o histórico você (jornalista) tenha mais ou menos uma noção. Lembro que a última vez que pedi para o departamento de futebol que fizesse um levantamento, tínhamos 314 jogos do Atlético dos quais ele tinha participado de 143. Não davam 45% dos jogos do Atlético nos últimos 4 anos. Eu pedi isso há uns dois ou três meses, não tinha começado o Campeonato Brasileiro. Ele não tem na verdade uma história dentro do Atlético. Não lembro de um jogo decisivo que nós tivéssemos contado com o Dagoberto e que ele tivesse sido decisivo e que nos tivéssemos ganhado algum título. Nesses 143 jogos, ele fez em torno de 40 a 45 gols. Também pouco para um atacante com o  prestígio e de nome como ele. “

*- Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Uma outra questão é que, além disso, há a responsabilidade da diretoria em relação ao patrimônio que é do clube, da torcida e dos sócios. E não poderia a diretoria, por uma ou outra razão, se é corpo ou mole ou não é, deixar de buscar o seu direito.


7) Jairo Silva – Rádio Clube – Além de o Departamento Jurídico representado por vocês, mais alguém do Atlético participou ativamente deste processo (de negociação) com o Dagoberto e os empresários dele?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Sim, sem dúvida. Na primeira reunião que eu fui, estavam o presidente Petraglia, o presidente Fleury e o Mauro Holzmann representando o Atlético. Então, o presidente Petraglia participou ativamente. O presidente Fleury também participou ativamente. Até o momento que houve um desgaste muito grande e eu, então, passei a fazer essas reuniões sozinho com eles.”


8) Napoleão de Almeida – Rádio BandNews – Tendo esse contrato prorrogado, com uma eventualidade de uma negociação caso o Dagoberto não aceite ser negociado, essa situação vai se prorrogando até que se encerre esse contrato? Ou o Atlético tem como ceder os diretos contratuais dele para algum outro clube mediante pagamento à revelia, independente de o Dagoberto aceitar ou não?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Não pode, à revelia não pode. Isso que você falou no início da tua pergunta é possível. Ele não aceitando, pode cumprir o contrato mais esses oito meses, inclusive. Evidentemente que com essas propostas, como nós já tivemos do próprio Hamburgo, poderemos pedir um ressarcimento. Porque fica evidente que haveria nessa hipótese, que você (jornalista) levantou, uma má fé e nos contratos civis prevalece a boa fé das partes. Se apresentarmos uma proposta e ele não aceitar, daqui a pouco completa o tempo do contrato e ele vai embora sem nós termos nenhum direito. Nós podemos recorrer à própria FIFA para estipular uma multa para que ele nos reembolse dos prejuízos que ele nos trouxe, que são os tais perdas e danos.”


9) Sérgio Tavares – Furacão.com – O Atlético tem conhecimento de alguma negociação do Dagoberto com outro clube brasileiro e, se houvesse essa negociação, isso poderia ser uma ponte para o Dagoberto jogar no exterior?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Que poderia ser uma ponte, é evidente. Qualquer um conclui que poderia ser uma ponte. Porque com um depósito de 5 milhões e 460 mil, que seria possível até ontem, ele faria uma ponte e iria para um clube do exterior. Ainda que este clube do exterior estivesse já, desde logo, acertado com um clube brasileiro ou não. Nós temos conhecimento de clubes brasileiros interessados e negociando com ele. Temos pelo menos três clubes negociando com ele.”


10) Jairo Silva – Rádio Clube – Em relação se ele joga, se está à disposição, o que pode ocorrer? A orientação do Departamento Jurídico daria, nesse momento, ao Atlético e à comissão técnica usar ou não usar o Dagoberto em virtude de todo esse processo? Porque têm dois lados, o jogador pode se empenhar ou pode não se empenhar e, por conseqüência, atrapalhar os planos do treinador. Teria algum conselho nesse sentido?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Esse critério de ele se empenhar ou não cabe avaliação do departamento de futebol profissional. Ele tem condições de jogo, médicas eu não sei, mas acredito que tenha, eu não sei a parte médica dele como está. Mas legais tem condição de jogo. Se o departamento de futebol vai utilizá-lo ou não, fica a critério do departamento de futebol, do treinador, da comissão técnica. Não sei como funciona essa parte do futebol.”


11) Carlos Simon – Tribuna do Paraná – O senhor falou em jurisprudência, nós que acompanhamos futebol não vemos esse tipo de caso em que o jogador se contunde e o contrato é prorrogado. Que casos que vocês acompanharam que aconteceu algo parecido?

*- Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Na verdade, esse é o terceiro caso. Nós fizemos uma pesquisa muito intensa e realmente há uma dificuldade em achar uma hipótese específica como essa. É o terceiro caso na história do judiciário trabalhista brasileiro em que há a pretensão de um clube voltada a estender um contrato devido ao acidente do atleta. São dois casos: um em São Paulo e o outro do Rio Grande do Sul.”

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Esse de São Paulo é do jogador Fabrício, do Corinthians, que esteve contundido e o clube ingressou também com uma medida judicial e obteve a prorrogação.”


12) Nicolas França – Gazeta do Povo – Com todo o processo que vocês passaram, com todo o desgaste, vocês chegaram à conclusão de que a intenção deles era de o Dagoberto ficar até dia 23 de julho, depositar o valor da multa e ir embora. Qual seria a vantagem que eles teriam nisso, em relação a uma negociação com o Hamburgo, que seria por um valor maior, um salário maior e ele estaria no futebol europeu? Teria uma razão prática para isso?

*- Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Sequer externaram ao pessoal do Hamburgo. Os alemães ficaram duas reuniões sentados à mesa aguardando a presença deles, o que não aconteceu. Então, nem nós e nem os alemães temos a notícia do porquê não ter sido concretizada aquela negociação.”

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Em primeiro momento, achei que eles queriam mesmo renovar. Mas quando a cada reunião, depois de tudo acertado, vinha um telefonema dizendo que precisava conversar mais alguma coisa, cheguei à conclusão que o objetivo principal era deixar o tempo passar para chegar julho e fazer o depósito.”


13) Rafael Faria – TV Bandeirantes – Nós entendemos que o interesse do processo é garantir os direitos financeiros do Atlético, mas o jogador Dagoberto ainda faz parte dos interesses do Atlético?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“O Dagoberto e mais 40 e tantos que estão registrados. Todos são pertencentes ao clube, são patrimônio do clube, então temos interesse sim.”


14) Rafael Faria – TV Bandeirantes – Não fica uma certa mágoa já que a idéia é que talvez ele tenha enrolado o clube para tentar fazer o tempo passar? Não fica uma certa mágoa e essa mágoa não pode deixar a relação muito abalada e o Dagoberto não ser bem-vindo aqui dentro?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Pode deixar, nós tivemos tantas situações. Mas nós não podemos avaliar, porque o futebol você sabe. Hoje é alegria e amanhã é tristeza. Ao mesmo tempo que o Dagoberto é ovacionado, em outras oportunidades não foi. Eu acho que fica uma mágoa e que fica uma marca, mas faz parte do negócio do futebol. Hoje em dia, o jogador está cada vez mais procurando ganhar dinheiro em detrimento, às vezes, de uma responsabilidade maior, de um apego ao seu clube, à sua Seleção, como tivemos agora recente com a Seleção Brasileira. É a mudança do futebol. É a globalização de hoje.”


15) Rafael Faria – TV Bandeirantes – Você tem algum adjetivo talvez para o Dagoberto? Faltou integridade, caráter? Alguma coisa pode ser dita sobre o Dagoberto?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Não avalio integridade e caráter de ninguém. Não sei.”


16) Jéferson Gomes – Rádio Colombo – É verdade ou existe a possibilidade de o escritório do Giovani Gionédis estar defendendo o Dagoberto?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Eu tive notícias. O Dr. Diogo também teve.”

*- Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Já estão com, pelo menos, um dos advogados do escritório Pereira Gionédis. Já está constituído nos autos em nome do Dagoberto.”

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Parece que seria um dos escritórios que defende, não sei quantos escritórios são. A última vez que falei com o Marcos Malaquias, ele me disse que tinha três advogados. Não sei se três advogados são três escritórios. Mas um deles é o escritório do Giovani Gionédis sim.”

*- Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Já está constituído nos autos. O nome do advogado é Fernando Barrinuevo.”


17) Fernando Gomes – CNT – O Sr. falou que, nas negociações estabelecidas até o dia 24 de maio, o assunto foi tratado com a Massa Sports, especificamente Massa Sports, que é Marcos Malaquias, o irmão dele, o Carlinhos e não sei quem mais, porque é o que ouvimos falar. Depois disso, eu, inclusive, tive uma informação do Juninho (filho do apresentador Carlos Massa), que é o deputado, dizendo que a Massa Sports estava sendo desfeita e que não queria mais tratar desse assunto Dagoberto. Porque, isso foi dito pelo Juninho, eles tinham acertado tudo, mas que na última hora o Dagoberto não aceitou mais. E que a Massa Sports estava dissolvida. Na seqüência disso, quem é que cuida dos interesses do Dagoberto? É uma pessoa jurídica, no caso a Massa Sports, ou o procurador, no caso Marcos Malaquias?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Quem cuida é uma pessoa jurídica, a Massa Sports. Nas três ultimas reuniões que eu fiz, quem representou a Massa Sports foi o Marcos Malaquias. Na primeira, ele estava presente junto com o irmão Naor e o Gabriel Massa. De maneira que, para mim, é Massa Sports. Apesar de que eu tenho lido nos jornais que eles estavam rompendo a sociedade. Tem uma nota de esclarecimento. Mas uma nota de esclarecimento é uma nota, o contato comigo foi feito pela Massa Sports.”


18) Fernando Gomes – CNT – A procuração é para Massa Sports ou para o Marcos Malaquias?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Eu nunca vi a procuração, nunca pedi a procuração para eles. Assim como eles nunca pediram a minha procuração do Atlético. Eu falava com eles como sendo os representantes da Massa Sports e para mim é Massa Sports. Agora, quem são os donos da Massa Sports até onde nós sabemos são Naor Malaquias, Marcos Malaquias e Gabriel Massa. Então, a Massa Sports é do Massa. Até porque, se não fosse do Massa ou do jornalista/apresentador Ratinho, não seria Massa Sports. Seria outro nome, eu penso.”


19) Janaína Castilho – RIC/ Record – Você falou, há pouco, que três clubes estariam interessados no Dagoberto. Você poderia revelar esses nomes?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Não tem porquê revelar porque nenhum desses três clubes fez contato com o Atlético.”


20) Gustavo Marques – Rádio Globo/ CBN – Algo chamou a atenção negativamente nessa negociação em citações ou palavras?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“O que chamou a atenção foi a demora para resolver. À medida que fomos cedendo e cedendo, não tínhamos mais porque continuar e cedermos tudo. Não tinha mais porque não definir a situação e ele assinar o contrato novo.


21) Rafael Faria – TV Bandeirantes – Essas concessões que foram feitas ao Dagoberto nenhum outro jogador jamais teve?

* – Dr. Marcos Augusto Malucelli – Conselheiro Gestor Jurídico
“Que eu tenha conhecimento não, nunca. Isso era uma exceção que estava sendo feita ao Sr. Dagoberto. Tem jogador que tem participação (direitos federativos), alguns com parcerias com terceiros, com clubes. Mas, para esse caso específico, em que o Dagoberto tinha 0% de participação e chegamos a 30%, isso não existe na história do Atlético.”


22) Napoleão de Almeida – Rádio Bandnews – Sobre o caso Aloísio, teria uma audiência que estaria próxima e o Atlético ainda tem essa pendência jurídica envolvendo o Aloísio e o São Paulo, os senhores podem falar sobre o assunto?

*- Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“Aloísio, também a exemplo do Dagoberto, é uma decisão preliminar. Foram quatro posicionamentos, dois favoráveis ao Atlético e dois favoráveis ao Aloísio, sendo que o último foi favorável ao atleta. Até em razão da proximidade que havia para a inscrição dele na Libertadores. É uma discussão completamente diferente da do Dagoberto. Os casos não têm semelhança nenhuma. A juíza entendeu pela proteção ao direito de trabalho dele e acabou por liberá-lo provisoriamente para atuar pelo São Paulo. Essa próxima audiência que seria no dia 14 foi adiada, em razão da coincidência de um congresso de juízes, para o próximo dia 25. Há algumas matérias pendentes de provas ainda. E ao final, a juíza deliberará, em uma sentença definitiva de primeira instância, mas passiva de recurso por qualquer das partes, se o Aloísio mantém um contrato com o Atlético ou se o contrato com o São Paulo é válido, contrato muito posterior que o São Paulo fez com o clube russo.”


23) Jairo Silva – Rádio Clube – Existe a possibilidade de o Dagoberto fazer a mesma coisa. Ir a um outro time e jogar como o Aloísio está fazendo no São Paulo?

* – Dr. Diogo Fadel Braz – 2º vice-presidente do Conselho Deliberativo
“A situação fática dos dois casos é absolutamente diferente uma da outra. Não há a menor possibilidade. No caso do Aloísio, sucintamente, se discutia se ele tinha um contrato válido com o Atlético ou se o contrato que ele formalizou com o São Paulo passou a ser válido. O caso do Dagoberto é inconteste, incontroverso. Ele tem contrato válido com o Atlético e não tem contrato com qualquer outro clube, porque nem poderia fazê-lo. O que se está discutindo com o Dagoberto é se o termo final do contrato é prorrogado ou não. Mas, no mínimo, esse termo final é indiscutível”

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