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Importante dentro e fora de campo, Paulo André revela seus desejos com a camisa rubro-negra

Aos 32 anos, o zagueiro Paulo André é um dos pilares do atual elenco rubro-negro. Após passagem pelo Clube entre 2005 e 2006, o zagueiro voltou ao Atlético Paranaense no início deste ano. Desde o retorno, foi titular absoluto da equipe. Líder dentro e fora de campo, o camisa 13 do Furacão se prepara para mais uma final na carreira. No próximo domingo (8), o Rubro-Negro enfrenta o Coritiba, na decisão do Campeonato Estadual.
 
Para chegar até aqui, Paulo André passou por diversas dificuldades na carreira. O primeiro obstáculo veio aos 14 anos. O então jogador de tênis, no topo do ranking da Federação Paulista, precisou largar as quadras por questões financeiras e foi buscar um futuro no futebol de campo. Ao lado dos amigos, em Campinas (SP), preparava-se para o que seria a sua profissão.
 
O início aconteceu nas Categorias de Formação do São Paulo. Após alguns anos no time paulista, Paulo André passou pelo CSA de Alagoas e o Vasco da Gama. Pensando em abandonar a curta carreira, o zagueiro tentou uma última chance no Águas de Lindóia, time que disputava a sexta divisão do Campeonato Paulista. A tentativa deu certo e Paulo chamou a atenção do Guarani.
 
Do time campineiro, o zagueiro veio para o Atlético Paranaense, para iniciar a trajetória de sucesso. De junho de 2005 a junho de 2006, disputou 55 jogos pelo Rubro-Negro. Foi finalista do Troféu Bola de Prata no Brasileiro de 2005 e chamou a atenção do futebol europeu. Foi, então, que aconteceu a transferência para o Le Mans, da França. No Velho Continente, os obstáculos voltaram a aparecer.
 
Problemas no joelho fizeram com que o zagueiro tivesse dificuldades para retornar aos gramados e o Atlético Paranaense foi fundamental na carreira do jogador mais uma vez. A recuperação na França não foi suficiente e Paulo André retornou ao CAT atleticano para finalizar a tratamento, já no final de 2007.  
 
“Eu tinha certeza que nunca mais iria jogar em alto nível. Meu sonho era poder jogar”, lembra o zagueiro. “No final de 2007, eu liguei para o Petraglia pedindo pelo amor de Deus para ele me acolher aqui e tratar do meu joelho. Na França, eu já tinha desgastado toda a relação. Eu tinha operado em São Paulo também sem o resultado positivo e não tinha mais esperanças. Então, pedi para voltar para um lugar onde tinha sido muito feliz, tentando resgatar o sentimento de que ainda era possível dar a volta por cima”, conta.


 

Foto: Arquivo/Site Oficial

Recuperado, Paulo retornou ao Le Mans e ficou na França até 2009, quando recebeu uma proposta do Corinthians. Na equipe paulista, viveu grandes momentos da carreira. Conquistou o Mundial de Clubes da FIFA, a Copa Libertadores da América, a Recopa Sul-Americana, o Campeonato Brasileiro e Campeonato Paulista. Foi ali também que conheceu um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, Ronaldo Fenômeno. Amizade importante e cultivada até hoje.
 
Apesar de todos os títulos conquistados, Paulo André ainda tinha um objetivo na carreira. Os momentos felizes vividos em Curitiba e a acolhida do Clube em um dos momentos mais difíceis da vida aumentavam a vontade do zagueiro de atuar novamente com a camisa rubro-negra. No livro “O jogo da minha vida: histórias e reflexões de um atleta”, escrito pelo próprio jogador, Paulo deixou claro essa meta.
 
“Em meu último dia no Clube, passei para pegar as chuteiras e me despedir dos companheiros. Eles já estavam no campo e tive de subir para cumprimentá-los. Ao descer de volta para a administração, entre as árvores do CT, comecei a chorar por lembrar como tinha sido feliz ali. Adorei cada segundo que havia passado naquele lugar e percebi como tinha crescido pessoal e profissionalmente. Agradeci a Deus e ao Atlético Paranaense e prometi a mim mesmo um dia voltar”, diz o trecho do livro. O sonho foi realizado quase dez anos depois.
 
Paulo André é marcado pela inteligência dentro e fora de campo. Além da pintura, dos textos e do livro publicado, o jogador liderou o grupo “Bom Senso”, que luta por melhorias no futebol brasileiro. Atualmente, dedica-se apenas a honrar a camisa rubro-negra. No CAT Alfredo Gottardi, sonha com mais títulos e com a evolução do Furacão. O zagueiro utiliza toda a experiência adquirida em mais de dez anos de carreira para auxiliar os demais atletas.
 
“É o que talvez me faça mais feliz hoje. Lógico que eu quero ganhar. Eu falo para eles que vim aqui para ganhar e não para passar tempo. Quero que eles se acostumem com vitórias. E para ser vitorioso, é uma construção diária. Mas a vontade que eles têm de aprender é muito grande e eu me vejo neles. Naquela época, se alguém tivesse me ajudado a encurtar esses caminhos, seria mais fácil”, afirma.
 
Apesar da conquista de títulos expressivos, Paulo André trata com a mesma importância o Campeonato Paranaense deste ano. “Eu nasci para competir e compito comigo mesmo. Como competidor, a única coisa que me motiva é ganhar campeonato, levantar troféu. Eu falei nesses dias para o pessoal e falo sempre. Você vai ficando velho e tem menos campeonatos para disputar. Cada um deles que você não ganha dói muito mais do que antes. Então, é isso que vai me fazer lembrar das melhores sensações que tive na vida. É em busca disso que estou”, completa.
 
Das quadras de tênis aos campos de futebol. As lutas para realizar o sonho de ser jogador profissional até a chegada ao Atlético Paranaense. A saída para conquistar o mundo. As dúvidas no meio do caminho e a amizade com Ronaldo Fenômeno. A promessa de retorno ao Furacão, onde se sente cada vez mais em casa. O Site Oficial foi atrás das curiosidades da carreira do zagueiro Paulo André, do que ainda sonha no futebol e como se sente sendo um dos pilares do elenco rubro-negro. Confira, abaixo, a entrevista especial com o camisa 13 do Furacão.


 

Foto: Arquivo/Site Oficial

Site Oficial: Você brinca que o tênis perdeu um bom jogador e o futebol ganhou um zagueiro. Brincadeiras à parte, como foi o momento em que você teve que optar por um dos dois esportes?
Paulo André: No fundo, eu fui levado a isso. Não foi uma opção muito clara. O tênis era caro e demandava dinheiro para viajar e treinar. Então, fui praticamente impedido de prosseguir, porque era difícil bancar financeiramente. Já o futebol era o esporte que meus amigos praticavam. Para ficar com a minha turma, acabei indo para o futebol.
 
 

Site: Mas o futebol também era um esporte que você gostava?
Paulo André: Sempre joguei os dois. Naquele tempo, jogava mais futebol de salão. Próximo dos 14 anos, a minha turma começou a ir para o campo. Na época, apareceu um menino que jogava futebol de campo no Infantil do São Paulo. Quando começou a jogar entre a gente e vimos que não era tão diferente, despertou o interesse em todos nós. Começamos a alimentar esse sonho de jogarmos.
 
 

Site: O que você conseguiu carregar do tênis para a tua carreira no futebol?
Paulo André: É tudo conectado. No esporte, quanto mais recurso você tem na infância, mais coisas consegue levar. Eu transferi muita coisa para o futebol. A concentração, visão de jogo, saber encarar momentos difíceis dentro de campo. No tênis, quando você erra, já precisa se concentrar novamente. Esse poder de concentração talvez seja o principal que consegui levar para o campo.

 

Site: Já com o sonho de ser jogador, quais foram as principais dificuldades que você teve no início de carreira?
Paulo André: Mais difícil do que sair de casa com 14 anos e morar em um alojamento, foi a falta de experiência no futebol de campo. Me deparei com muita coisa nova. O que todo mundo tinha desde pequeno, fui pegando aos poucos. O que sempre tive foi uma leitura de jogo e um entendimento do que queriam que eu fizesse. Fisicamente eu era horroroso, porque era só um jogador de tênis e não de futebol. Tive que aprender e me superar para prosseguir e sobreviver nessa 'selva de pedras'.
 
 

Site: Na sua chegada aqui, em 2005, dá pra dizer que foi o primeiro grande passo na carreira?
Paulo André: Quando o Atlético propôs o contrato, era um sonho e uma esperança. Jogar em um time grande, vindo do título brasileiro em 2001 e o vice-campeonato em 2004. Era a confirmação de que a carreira estava dando certo.
 
 

Site: Mesmo com a pouca idade, você se sentia preparado para atuar em uma equipe como o Atlético Paranaense?
Paulo André: Fiz tanta força para chegar neste estágio, que estava realmente preparado. Eu tinha passado por tanta provação, que quando me deram uma chance em um time grande sabia que não ia escapar. O que mudou foi poder jogar ao lado de grandes jogadores como o Fernandinho, Aloísio, Cocito e Marcão. Jogar ao lado desses caras e contribuir para que as coisas funcionassem foi muito importante.
 
 

Site: Exatamente um ano após a chegada em Curitiba, você acertou a transferência para o futebol francês. O que esta experiência somou para você?
Paulo André: Era meu sonho. Eu talvez tivesse o sonho apenas de jogar na Europa e não de jogar bem. Ao longo da carreira, isso mudou muito. A proposta da França, financeiramente, nem era tão boa. Mas cheguei lá com a cabeça aberta. Sempre fui muito trabalhador, mas aí meu joelho começou a falhar e não deixar com que eu tivesse sequência. Eu tinha seis jogos e dois gols e estava em um momento bom, com o time crescendo. Quando voltei depois da lesão, já era a sobra do time. Mas não me arrependo. Foi um aprendizado. Eu tinha que estar ali para passar por esta situação difícil e valorizar tudo o que aconteceu.
 
 

Site: Apesar das lesões, foi algo que valeu a pena para você?
Paulo André: Pessoalmente, mudou a minha vida. Devo muito do que sou e do que fiz na carreira aos momentos difíceis que passei lá. Eu costumo valorizar tudo. Acho que a crise é feita para uma oportunidade de crescimento. Quando você está no meio do problema, é normal reclamar e não conseguir enxergar. Mas se você souber espremer bem a laranja, no final dá para tomar um bom suco.
 
 

Site: Com as lesões que você teve, chegou a pensar que não jogaria mais em alto nível?
Paulo André: Eu tinha certeza que nunca mais jogaria em alto nível. Meu sonho era poder jogar. Primeiro, quase pararam comigo. Depois, eu quase parei, porque não aguentava mais. Psicologicamente, é muito desgastante. Saí de casa aos 14 anos e já estava com 23. Eram 24 horas por dia dedicadas ao futebol. Eu não sabia o que era festa, não sabia o que era sair com os amigos. Abri mão de tudo para poder ser um bom profissional, tamanho o medo que eu tinha em não dar certo e estar perdendo tempo. Quando me deparei com essa situação, eu me assustei, porque não sabia fazer outra coisa da vida. Como não me preparei, ficou a lição. Nunca mais vou depender de uma coisa só, seguir um só caminho. Foi aí que comecei a abrir a minha cabeça para outras oportunidades. Então, de um problema, criou-se uma solução e um benefício.
 
 

Site: Nestes momentos difíceis, machucado e morando longe da família e dos amigos, no que você buscou forças?
Paulo André: Conto da história da pintura, que o pessoal me sacaneia sempre. Mas foi um passatempo que encontrei nesta época de dificuldade, para esquecer que doía o joelho. Era o único momento que parava de pensar na dor. Era tão impossível pintar, que eu precisava me concentrar para sair e esquecia o resto. Em 2013, depois do Mundial de Clubes, eu fiz um leilão beneficente com as minhas obras de arte, que renderam 800 mil reais para caridade. Então, nada é por acaso.
 
 

Site: Neste período, mesmo sem ter vínculo com o Atlético, qual foi a importância do Clube na sua carreira?
Paulo André: No final de 2007, eu liguei para o Petraglia pedindo pelo amor de Deus para ele me acolher aqui e tratar do meu joelho. Na França, já tinha desgastado toda a relação. Eu tinha operado em São Paulo também sem o resultado positivo e não tinha mais esperanças. Então, pedi para voltar para um lugar onde tinha sido muito feliz, tentando resgatar o sentimento de que ainda era possível dar a volta por cima. Fiquei morando três meses no CAT. Passei Natal e Ano Novo aqui. Foi um trabalho diário com a atenção de todo o Clube. Fiz uma cirurgia escondida e em fevereiro pude voltar para a França, renovado e pronto para jogar.

Foto: Gustavo Oliveira/Site Oficial

Site: Como foi o convite do Corinthians?
Paulo André: O fato de receber o convite do Corinthians já foi muito importante. Eu achei que o pessoal da França não iria me liberar. Eu era um dos principais jogadores do time e eles tinham investido muito dinheiro em mim. Mas eles aceitaram e cheguei ao Corinthians em uma época de Ronaldo, Roberto Carlos, Edu Gaspar e muitos outros. Com a capacidade de absorver tudo que era possível, aprendi absurdamente sobre futebol e também sobre a pressão de jogar. Neste período, passei por mais duas cirurgias e, graças ao bom relacionamento que tive lá, eles conseguiram negociar com o time da França. Fiquei de vez e começaram a vir os títulos.
 
 

Site: Falando especificamente do título Mundial, existe uma grande diferença entre os grandes times da Europa e os do Brasil?
Paulo André: Eu conto em um texto, que chama "Carta de Yokohama", que obviamente fomos confiando na possibilidade de sermos campeões. Saímos do Aeroporto de Guarulhos, quase que carregados por 20 mil torcedores. Ganhamos um primeiro jogo difícil e fomos ver a semifinal do Chelsea contra o Monterrey. Olhávamos aquilo e falávamos que não tínhamos condições de ganhar dos caras. Eles eram muito bons. Um time que jogava ajustado, pressionando o adversário. Não tinha por onde ganhar. Então, começou um trabalho mental do Tite sensacional, mostrando vídeos de falhas recorrentes do time deles. Mostrando que era possível passar pela defesa e sair jogando. Fomos para o jogo ainda meio desconfiados. Mas, aos poucos, fomos ganhando moral. No intervalo, olhamos um para o outro e sentimos que tudo tinha invertido, que era nosso. Fomos para cima e ganhamos. Até hoje, brincamos que não sabemos o que fizemos. Nas ruas, em qualquer lugar, ainda nos agradecem pelo o que fizemos. É diferente [Brasil e Europa], mas é possível encarar com igualdade.
 
 

Site: Com a experiência que você teve na conquista Mundial, acha que é possível essa conquista também pelo Atlético Paranaense?
Paulo André: O Corinthians, naquele momento, nunca tinha disputado uma final de Libertadores. E o Atlético, com as diferenças que tem, chegou em 2005 e só não levou pelos motivos que nós sabemos. Então, é extremamente possível. Em 2013, o Atlético fez uma campanha brilhante no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. Depois, sabemos que não pôde investir muito no futebol pelas necessidades do Clube naquele momento. Mas é um time que tem um histórico que, quando chega, chega para levar. Acho que não é distante esse sonho. Se conseguirmos entrar na Libertadores, tenho certeza que os investimentos serão diferentes. Com essa Arena e essa torcida, temos grandes chances de fazer história.  
 
 

Site: No Corinthians, você teve uma relação muito próxima com o Ronaldo. Como foi e como é até hoje essa relação?
Paulo André: Ele foi com a minha cara desde o começo. Ele tinha sacadas muito boas, sempre foi malandro e, ao mesmo tempo, muito inteligente. Eu retrucava e ele sempre admirou esses caras que conseguiam rebatê-lo. No começo, ele me mandava mensagem me convidando para alguma coisa e eu ficava surpreso. Não conseguia falar não. Aí fui conhecendo a família e convivendo muito. Tudo na vida dele era potencializado. Tanto no futebol, quanto nas questões pessoais. Ensinei ele a jogar tênis e pôquer e ele ainda mantém isso. Hoje, eu fico feliz de ver que ele está bem. Ele deixou a vida de jogador de lado e é uma pessoa mais normal que antigamente.
 
 

Site: Depois do Corinthians, você teve uma experiência na China. Como foi?
Paulo André: Apesar da "desgraça", eu sempre me divirto. Eu tentei alertar este pessoal que foi para lá agora. É uma experiência de vida maravilhosa. Mas, profissionalmente, não teve muita coisa, até pelo nível do futebol. Trago da China a paciência e talvez por isso eu tenha me afastado um pouco da luta política. A China me mostrou que se você ficar batendo a cabeça na parede só vai se machucar e nunca vai derrubar a parede. Se você tiver paciência, você aprende um caminho para dar uma volta e chegar ao outro lado da mesma forma. Só demora um pouco mais, mas você vai chegar.
 
 

Site: No seu livro, você prometeu voltar ao Atlético Paranaense e esse retorno aconteceu neste ano. O que significou essa volta?
Paulo André: Isso era uma coisa que me marcava muito. Vinha jogar aqui e ficava pensando se isso ainda aconteceria. Mas, ao mesmo tempo, sempre tive muito medo de voltar e não conseguir ter a mesma história bonita que tive, apesar de ter sido rápida. Pensava se não poderia manchar tudo, se ainda tinha capacidade de jogar em alto nível e corresponder. Apesar da vontade, eu tinha medo. Mas eu fui tão bem recebido desde a primeira semana, com tanta gente que estava na minha primeira passagem, que me tranquilizaram. E mais do que isso, o Clube caminha para o mesmo lado que eu sempre achei que deveria caminhar. Então, a possibilidade de você trocar ideias e defender o que é certo, independentemente do resultado, me dá prazer. Todo dia que venho para cá, aprendo e participo de algo que está dando certo.

Foto: Gustavo Oliveira/Site Oficial

Site: São apenas quatro meses. Mas, dentro de campo, o resultado tem sido o que você esperava?
Paulo André: Eu estou feliz com o rendimento. Acho que pude influenciar na maneira como o time se defende hoje. Às vezes, posso não jogar tão bem, mas eu tento potencializar quem joga perto de mim. Vejo evolução em muita gente que tento ajudar. Muitos jogadores jovens, com potencial. Poder participar disso me enche de prazer.


 
Site: Em várias entrevistas, os jogadores mais novos falam da sua importância no grupo. Como você encara isso e tenta ajudar esses atletas?
Paulo André: É o que talvez me faça mais feliz hoje. Lógico que eu quero ganhar. Eu falo para eles que vim aqui para ganhar e não para passar tempo. Quero que eles se acostumem com vitórias. Para ser vitorioso, é uma construção diária. Mas a vontade que eles têm de aprender é muito grande e eu me vejo neles. Naquela época, se alguém tivesse me ajudado a encurtar esses caminhos, seria mais fácil. Então, o que eu puder fazer, vou fazer. Acho legal no final do jogo eles comentarem o que fizeram. É bom ver essa confiança. Estou aqui para ajudar.


 
Site: Dá para dizer que tão prazeroso quanto jogar bem é ver esses jogadores mais novos brilharem também?
Paulo André: Para mim, é até melhor. Ver o Marcos Guilherme jogando bem, fazendo gol. Ver o Hernani voltando e jogando. Poder influenciar de alguma forma, é importante. O Deivid e o Otávio, que mudaram muito a maneira de jogar desde o início do ano, é legal ver também. Tenho certeza que eles têm muito potencial para jogar nos grandes clubes da Europa. Eles brincam que estou velho e ranzinza. Mas eu aprendi com outros jogadores que para ganhar você tem que ser chato, detalhista e perfeccionista. Não dá para deixar passar um dia.


 
Site: Como tem sido o trabalho com o Paulo Autuori?
Paulo André: Para mim, é especial. É um cara que eu admirava. Tive contato algumas vezes, mas nunca tínhamos trabalhado juntos. Politicamente, nós nos cruzamos algumas vezes para defender as mesmas ideias. Temos a mesma paixão pelo futebol e imaginamos um jogo controlado, que é o mais moderno hoje, com posse de bola, toques rápidos, pressionando o adversário o tempo todo. Então, tem sido um prazer e espero ajudá-lo na conquista de títulos. Sei que ele veio devolver ao futebol o que o futebol o proporcionou. E você só devolve ganhando títulos e ensinando as pessoas.


 
Site: Atualmente, como são as horas livres do Paulo André?
Paulo André: Eu estou chato. Estou voltando a ser como era antes. Estou me dedicando demais nisso aqui, porque eu quero ganhar. Estou evitando uma rotina normal porque estou focado. Se tenho que descansar, vou descansar. Se tenho que comer bem, vou comer bem. Mas sou apaixonado por seriados e filmes. Sempre gostei de restaurantes. Um pôquer também não faz mal a ninguém. Pintando e escrevendo estou quase zerado. Estou fazendo faculdade de administração à distância e isso também me consome bastante tempo.

Foto: Gustavo Oliveira/Site Oficial
 
 

Site: Quando você parar de jogar, acredita que continuará no futebol?
Paulo André: Minha resposta padrão era de que cansei de fazer planos e nunca acertar nenhum. Então, já tinha parado de perder tempo. Mas estou nessa fase de tentar imaginar como, onde e o que eu quero fazer. Graças a Deus, ampliei muito o leque e tenho várias opções. Mas, no fundo, ainda não sei exatamente. Será no futebol. Não sei se no campo, na direção, ou na política.


 
Site: E o que mais motiva o zagueiro Paulo André?
Paulo André: Ser melhor do que ontem. Eu nasci para competir e compito comigo mesmo. Então, se eu estiver melhor do que ontem, posso até perder, mas saio satisfeito. Sei que tenho feito o melhor possível. É isso o que os torcedores esperam e, antes deles, eu espero. Como competidor, a única coisa que me motiva é ganhar campeonato, levantar troféu. Eu falei nesses dias com o pessoal e falo sempre. Você vai ficando velho e tem menos campeonatos para disputar. Cada um deles que você não ganha dói muito mais do que antes. Então, é isso que vai me fazer lembrar das melhores sensações que tive na vida. É em busca disso que estou.