Clube

Estreia de Caju, a “Majestade do Arco”, completa 85 anos

A estreia de uma lenda do Atlético Paranaense com a camisa rubro-negra completa 85 anos! No dia 23 de julho de 1933, Alfredo Gottardi, o Caju, fazia sua primeira partida como goleiro do time principal do Furacão.
Era o início de uma trajetória de 16 anos defendendo a meta atleticana e de uma carreira magistral. Com as cores vermelha e preta, Caju conquistou muitos títulos, chegou à Seleção Brasileira e se consagrou como a “Majestade do Arco”.
Para recordar a data histórica, a Loja Oficial, localizada no boulevard do estádio atleticano, terá uma mostra especial em homenagem ao Caju, a partir de 1º de agosto. Estarão expostos os principais troféus conquistados, além de outros objetos ligados ao goleiro, que fazem parte do acervo histórico do Atlético Paranaense.
A estreia
Naquele domingo de 1933, o Rubro-Negro jogou em Paranaguá, em um amistoso contra uma seleção da cidade, que terminou empatado em 2 a 2. Mas não foram os gols ou o resultado que mais chamaram a atenção de quem acompanhou a partida.
Defendendo o gol do Atlético Paranaense, não estava Alberto Gottardi, o famoso “keeper das defesas espetaculares”, mas seu irmão mais novo. Um rapaz de 18 anos, chamado Alfredo e que levava o apelido de Caju.
Além Caju, a formação rubro-negra foi ao gramado com: Canoco e Normando (Borba); Cid, Falcine e Rosa; Levorattinho, Marcello, Naná, Firmino e Nico. Naná e Marcello marcaram os gols do Furacão.
Carreira gloriosa
Poucos dias antes do jogo em Paranaguá, Alberto Gottardi tinha surpreendido a todos. Em um dia de treinamentos na Baixada, entregou sua camisa ao garoto e afirmou: “A partir de hoje, o titular do Atlético é o meu irmão. Eu parei de jogar”. E não jogou mais.
Quem acompanhava os jogos da equipe juvenil e de “médios” do Furacão, o time de aspirantes da época, já tinha visto Caju em ação. Mas certamente não imaginava o estrondoso sucesso que o novo goleiro atleticano teria.
Com a camisa rubro-negra, Alfredo Gottardi conquistou seis títulos de campeão paranaense, além de inúmeras taças e torneios. Durante mais de uma década, foi o titular absoluto da Seleção Paranaense, que disputava o campeonato nacional.
Mesmo sem ser alto, com 1,75m de altura, Caju contava com uma grande impulsão. Saía do gol com precisão e tinha uma colocação impressionante. Sua capacidade de antever as jogadas o permitia fazer grandes defesas sem ser espalhafatoso.
Consagração internacional
Caju era tão bom que, mesmo em uma época em que o futebol paranaense era desconhecido nacionalmente, foi convocado para a Seleção Brasileira. Disputou o Campeonato Sul-Americano de 1942, no Uruguai, ao lado de estrelas como Domingos da Guia, Tim e Zizinho.
Titular nos seis jogos do Brasil, Caju protagonizou lances magistrais. Em um deles, o arqueiro argentino Sebastián Gualco atravessou todo o campo para felicitá-lo por uma defesa. Eleito o melhor goleiro da competição, ganhou dos uruguaios a alcunha de “Majestade do Arco”.
O sucesso despertou o interesse de vários times do Brasil, como Vasco, Botafogo, Flamengo e São Paulo. Testemunhas de sua qualidade, os uruguaios do Peñarol também tentaram contratá-lo. Mas Caju nunca vestiu a camisa de outro clube.
Vida em rubro-negro
A última temporada de Caju como atleta foi em 1949, quando fez parte da equipe que conquistou o título estadual de forma avassaladora e foi eternizada como o Furacão. Após encerrar a carreira, nunca se afastou do Atlético Paranaense.
Em 1958, Caju fez parte da comissão técnica que levou o Rubro-Negro à conquista de mais um Campeonato Estadual. Anos depois, trabalhou diretamente, ao lado do irmão Alberto, na construção dos alambrados e novas arquibancadas do Estádio Joaquim Américo.
Dois filhos de Caju deram sequência à história da família Gottardi no Furacão. Celso foi goleiro nos anos 1960. Alfredo jogou como zagueiro. Fez parte do time campeão estadual de 1970 e se consagrou como um dos melhores da história do Clube na posição.
Reconhecimento eterno
Caju foi sempre tratado com um ídolo inesquecível pelos atleticanos. Ao longo dos anos, foi diversas vezes homenageado pelo Clube. Mas um reconhecimento à altura de tudo o que representou para a história rubro-negra viria em 1999.
Naquele ano, o Atlético Paranaense inaugurou oficialmente a melhor estrutura de treinamentos e formação de atletas do futebol brasileiro: o Centro de Treinamentos Alfredo Gottardi, ou CT do Caju, com a presença do eterno goleiro, aos 84 anos. Hoje ampliado e modernizado, o complexo tem o nome oficial de Centro Administrativo e Técnico Alfredo Gottardi.
Caju faleceu aos 86 anos, no dia 24 de abril de 2001. Mas para a torcida atleticana, o maior goleiro que já atuou em campos paranaenses é imortal.
A reprodução das fotos é proibida, salvo prévia autorização por escrito do CAP.