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Eduardo Pacheco De Carvalho
O VOO ERRANTE DE TIAGO NUNES Do 19 de Outubro ao Itaquerão. Escala na Baixada. Caro leitor. Ou, você aí! Ei! Ô meu! Você que foi transformado de torcedor em sócio, cliente ou algo parecido, responda para você mesmo esta minha pergunta: - Você acredita em jogador que beija escudo? Não, né. Pelo menos, se você for alguém que entende um pouquinho de Futebol, não acredita. Se for daqueles que torcem até pra “seleção”, provavelmente acredite e até vibre junto. Beija-escudo é um tipo folclórico de boleiro, que adota uma forma simples, barata e rápida de criar identidade com a torcida, aproveitando o momento do gol, na tentativa de demonstrar uma espécie de vínculo com o clube, seu clube. E com todos os outros clubes também, é claro, onde houver contrato. Tal artifício, é ótimo para esconder defeitos, incapacidade, falta de categoria e/ou de vontade como se fosse necessário ainda motivar com tais salários. Não precisa mais sorrir quando se faz um gol, basta morder o escudo na camisa, escondendo a feição real do rosto, ou a verdadeira reação após o objetivo (de quem?) cumprido. Mas o folclore do esporte não se encerra no atleta profissional. Por exemplo, nosso massagista faz parte deste folclore, (ao contrário, da parte boa do folclore) que tem por sinônimo a palavra “populário”. Sim, pessoas podem cometer atos que induzam à popularidade dentro de um meio social. Se repetitivos, tornam-se atitudes que formam conduta, comportamento. Essas pessoas têm um objetivo quando fazem isso, está longe de ser algo aleatório e também nada tem a ver com a condição profissional que impede o estudo: muitos boleiros, embora em minoria, hoje em dia, são estudados. Esses, sabem representar melhor seu vínculo com o clube, não utilizando de tais artimanhas como escudos, coraçõezinhos e cia. Isto também vale para os treinadores de Futebol (parte ruim do folclore). A partir do momento em que lhes “deram” microfones, aproveitaram e passaram a usar o recurso da oratória, da retórica e do sofisma, para atingir seus objetivos. E quais os objetivos de uma entrevista de um técnico de Futebol? Compõem-se de justificativas sobre escalações, substituições e outras justificativas sobre resultados. Só isso? Não! O emprego exteriorizado da palavra possibilita a formação de frases para alcançar também objetivos secretos ou velados, subliminares ou subclínicos. E é justamente nessas entrelinhas que eles obtêm êxito em seu segredoso propósito: basta falar algo, para que se acredite que é assim mesmo, ou que ele, o treinador, pensa e/ou sente assim, de acordo com o que fala. Torcida maravilhosa! Estrutura fantástica! Projeto espetacular! Caras (elenco) sensacionais! Cidade excelente! Meu objetivo é permanecer no Athletico! Dentre verdades e mentiras, isso também é folclore, pois somos induzidos a acreditar em quem fala assim (ou que as frases vêm do peito), pois, devido ao sucesso, afastamos os erros cometidos pelo sujeito e pensamos apenas no vínculo sugerido, pelo simples mas pseudo reconhecimento do momento que vivemos, coisa que não se vê na mídia. Portanto, em sede de nosso pequeno fragmento midiático, uma quase intranet rubro-negra, vemos e escutamos a estória se reproduzir em falas mansas, doces, cativas, como se estivéssemos comendo deliciosas barras de chocolate e, paralelamente, criássemos história. Confessemos: quem ama, cuida. Mas quem gosta, não enxerga muito bem. Incluo-me nesse poder sofista que Tiago Nunes usou a cada pós-jogo (frases que vinham da mente, somente). De tão seduzido que fui, senti hoje como se sente um garoto-de-aluguel pelo dinheiro na esquina de uma praça central: atração fatal. No fundo, acabou sendo isso mesmo que aconteceu: pagou levou. Voltando ao objetivo do orador, o principal, é a manutenção. A manutenção no cargo. Fazendo marketing para o Clube, estreitava laços com a torcida, isto é, marketing pessoal. Comecei a desconfiar no tal “prazer em falar com vocês mais uma vez”, que se tornou um cartão de visitante (e não de visitas), até mais que isso, um mantra. A educação, a serenidade, a entonação de voz, o emprego de certas palavras, a economia de sorrisos, a pose de “bom gaúcho” e outras táticas sedutoras durante as entrevistas, ajudaram no processo de continuidade no clube, reforçando sua autopropaganda, mesmo após os equívocos cometidos contra Boca e River. Por exemplo, na insistência de seus amigos Jonathan e Lucho (que não estava em boa fase naqueles jogos contra seus conterrâneos). Mas, em função de ser um técnico esperto e de ter em suas mãos o melhor aparato pessoal, tecnológico e logístico à disposição, recuperou-se na Copa do Brasil, logrou êxito. Continuei a desconfiar na exigência da renovação tendo o Lucho como condição de permanência. Provavelmente, bem (ou mal) instruído por seu procurador, este, muito bem orientado pelo Sport Club Corinthians Paulista. É a crueldade do mercado, mas para quem afirmava cumprir o contrato até o fim de dezembro, que a questão era projeto e não finanças, de repente aparecer com tais exigências, como o prazo para manifestação da diretoria, foi algo assim com ares de ‘trairagem’. É isso aí, o queridinho da torcida era um baita mentiroso, acusando que só iria falar com outros times após o encerramento do contrato, que depois virou prazo, culminando no desligamento fulminante: imaginem se tivessem conversado antes. “Ah, mas a visita do seu procurador ao CT Joaquim Grava 45 dias atrás foi para tratativa de negócios com outros jogadores clientes dele”... cuidado, a loira do taxi vai te pegar! Aí aparecem as suas viúvas, dizendo que ele trouxe 2 ou 3 títulos inéditos para nós e etc.. Que as viúvas comprem consolos, porque ele fugiu de casa por causa de “outra”. Mesmo sabendo que essa outra, está num péssimo momento, endividada até o talo, com possibilidade de penhora do estádio, tendo um elenco fraco e uma torcida perigosa ‘paratodos’. Mas o status quo gritou mais alto e sua filhinha vai ter que deixar os amigos da escolinha para trás, para fazer novas amizades na pauliceia da garoa em 2020. Aquele mundo maravilha que ele dizia viver aqui, foi trocado por ‘duzentinho’ a mais (provavelmente cenzão), lugar em destaque na ribalta midiática desportiva. Decerto pensa: “cheguei lá, querida”. Portanto, nobres Athleticanos, podemos concluir que muito daquilo que se fala, é da boca pra fora, com o objetivo de criar vínculo afetivo que ajude na permanência no emprego, mais nada além disso. Amor? Poupem-me, viúvas desconsoladas. Quem troca um Furacão por um Gambá, dadas as circunstâncias, não merece pompas. Lamento pela idoneidade do moço, corrijo: ingenuidade, a ser por sua vez seduzido pelos tubarões de Itaquera, por enquanto navegando no Tietê de boca fechada, aguardando o momento do abate, que será no paulistão ou, caso entre na pré-Libertadores, com a eliminação antes da fase de grupos. Isso não é adivinhação, é constatação de quem entende só um pouquinho de Futebol. Também é fácil antecipar que Cirino, Lucho, Nikão, Camacho, Pedro Henrique, Nazário, Léo Goleiro e por favor Jonathan, inclusive Rafael Veiga, farão parte do Corinthians em 2020. Até Marco Ruben tentarão. No campo, o beija-escudo. No banco e nas entrevistas, o BEIJA-COLETIVA. Figuras folclóricas que permeiam o imaginário do esporte, fazendo dos iludidos, dos ingênuos, dos ‘superficialistas’, dos submissos e dos carentes, um novo e enorme Necrológio dos Desiludidos da Paixão. Da paixão, porque Amor, é outra dimensão. Parabéns ao CAP, na figura de seu convalescente presidente, em não abrir mão dos princípios e diretrizes que norteiam o Clube em nossa profícua caminhada. Irresponsabilidade financeira, não tem espaço nas bandas do CT do Caju. Ademais, o CAP é incompatível com projetos pessoais, temos autonomia. Ei, tchê! Você aí! Ô meu! Presta atenção na sabedoria popular: - “Por ela(e), eu ponho a mão no fogo”. - “Te cuida a água que é pra não ferver!” - “Tá bom demais pra ser verdade!” - “Nem tudo que reluz é ouro!” Não sou filiado ao paradigma do tamanho, considerando time A “maior” que o B e por aí vai. Minha concepção, é a das dimensões: o Clube Athletico Paranaense, é de outra dimensão, outro nível, outro plano. Os incomodados e os não reconhecedores, que se mudem, que vazem, que nem venham. Resta sonhar que o substituto seja menos retórico e mais fiel ainda aos princípios que caracterizam o jogoCAP. Sim, mais fiel à nossa filosofia do que ele, TN, que agora tornou-se mais um “louco da Fiel”, já relatando que “era um sonho antigo treinar uma equipe grande como o Corinthians”. O sofismo não para. Vamos aguardar e ver quanto tempo a legião de gambás permanecerá excitada. No fundo, assumir o comando técnico do Projeto do Athletico, não é para qualquer um não. Tem que ter coragem, poder e magia. Quiçá com o novo técnico, a gente não perca tantos gols assim... - BOA TARDE, TORCIDA CORINTHIANA! É UM PRAZER PODER FALAR COM VOCÊS! VEJAM, ESTOU DE CAMISA PRETA..." p.s.: aqui não é Fortaleza pra depois da trairagem se vestir de Rogério Ceni e voltar, talquei?? p.s. 2: Por que “voo errante”? Porque era conexão e não escala...
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Eduardo Pacheco De Carvalho
FLAMENGO. A BOCA-LIVRE DA MÍDIA. Comunicação Social. Lazer. Profissionais envolvidos. Futebol, ramo de entretenimento? Talvez, não necessariamente. Entretenimento ligado ao direito constitucional ao lazer, por analogia, extensão quem sabe. Um direito que está positivado na Constituição em seus artigos 6º, 7º, 217 e 227. Inserido no capítulo dos Direitos Sociais, e este, por sua vez, está inserido no Título dos Direitos Fundamentais. O lazer, portanto, é um direito subjetivo, fundamental e de 2ª geração. Nos artigos 5º, 37 e 216 a Carta Maior assegura o direito constitucional de acesso à informação, regulamentado ainda pela legislação esparsa (lei 12.527/11 et al). A informação, portanto, é um direito objetivo, igualmente fundamental e geracional. Antinomia é um aparente conflito entre normas jurídicas, no tocante à sua interpretação, a qual, de acordo com critérios pré-estabelecidos, proporcionará através da própria hermenêutica, sua solução determinando o prevalecimento de uma norma sobre a outra. Jornalistas são profissionais da Comunicação Social regularmente diplomados e inscritos em seu órgão de classe (sqn), sendo no exercício de sua profissão muitas vezes acompanhados por comentaristas, estes, sem qualificação obrigatória qualquer. Conjuntamente, integram a mídia, neste caso, desportiva. Meios de comunicação de massa englobam rádio, TV e jornais. Aqueles, estão contidos nestes, trazendo ao público ouvinte, telespectador e leitor, conteúdos relacionados, em tese, à informação. Os agentes da mídia (jornalistas e comentaristas) são pagos para tanto. Nós, do lado de cá, pagamos para ter acesso a tal conteúdo. A grande questão, é a qualidade deste conteúdo. O que menos se vê num programa ou numa coluna desportiva hoje, são análises sobre o esporte Futebol. E ainda se autointitulam, os agentes comunicadores, de analistas. O advento paradigmático (abandono do paradigma da consciência para assunção do paradigma da comunicação) da world wide web c/c a internet, fez da comunicação social uma das profissões mais fáceis de se exercer na atualidade. Já não há mais necessidade de se “ir a campo”, como faziam os antigos repórteres, os foquinhas: qualquer agente (eu escrevi qualquer) pode acessar a web de seu computador ou android mais próximo, e ali obter notícias, fatos e estatísticas que possam ser repassadas aos espectadores, não obstante o façam sobre os lençóis da pesquisa e sob os edredons da imparcialidade. Como é fácil ser ‘agente’ de programa esportivo. Basta falar. Falar sem ter pesquisado nada, sem ponderar merda alguma e sem ter investigado porra nenhuma: é só REPRODUÇÃO! Sim, nada se cria, tudo se copia! É apenas decorar frases que passeiam com as nuvens e pronunciá-las em terra. Sério, você que está lendo isso, poderia perfeitamente sentar nas bancadas. E soltar o seu verbo, pois o que vale é a subjetividade, o individual. Basta boa memória e razoável eloquência. E “vale mais” quando se agrada uma pequena maioria, mesmo que segregando, excluindo ou marginalizando os demais, que compõem a efetiva maioria! Aliás, só vale se agradar essa parcela que consome os produtos fabricados pelos patrocinadores, o público alvo desses programas: - “Sai do chão, é a torcida do Mengão!” O momento atual, mesmo que esperado (não fosse obrigatório), óbvio (pela receita televisiva) e normal (pela desigualdade anticompetitiva), é diuturnamente reproduzido sem solução de continuidade! Um desfile de obviedades, num baile exclusivo de aduladores, bajuladores, encomiastas, louvaminheiros, puxa-sacos, baba-ovos, lambe-botas, paga-paus, manja-rolas, pelegos, todos eles subservientes, a quê? A este atual bom momento do clube que mais recebe verba da TV, em detrimento dos outros clubes! Transfiram essa verba para o CSA para ver no que vai dar. Para o Brasil de Pelotas, o Rio Branco de Paranaguá, qualquer outro. Verba concentrada, não fazem mais do que obrigação! E aí como sustentáculo dessa vergonha vem a pseudo-notícia, travestida de opinião tipo “favoritaço em tudo que disputa, futebol mais bonito, ninguém segura, time do século, padrão europeu, adversários encantados, Jesus melhor técnico do mundo, contra tudo e contra todos, campeonato já acabou, entreguem a taça”, só na base da manchete, reprodução de manchetes sem conteúdo ou profundidade alguma. Muito fácil. Não bastasse, ainda vêm com a pachorra de inventar polêmica, colocando-o como vítima em acusar o VAR no último jogo contra o Athletico, ignorando a partida de ida na Copa do Brasil, na qual o goleiro deles deveria ter sido expulso e inclusive anularam um pênalti contra o Cirino, voltando o lance em outra jogada que o árbitro validou. Eles fazem um rastreamento inverso do lance até encontrarem algo que possa livrar o Flamengo do gol ou simples perigo. É ridículo. E nessa mútua masturbação entre mídia e torcida do mengão, os programas esportivos passam suas horas, grudentas, melequentas, sudoréticas, nojentas. “Mas dá audiência”, diria um legítimo capitalista. Legitimidade não significa inteligência. Pois a inteligência considera alteridade. O que resta aos outros? As batatas? Este é apenas um dos campos de batalha que o CAP enfrenta faz décadas. E obtém sucesso, à medida que esta podre mídia não reconhece os feitos do nosso presente nem as glórias do nosso passado. Não é o caso de falar de nós, mas falar a verdade. A verdade de que o CRF não é tudo aquilo que eles inventam. Assim como inventam Paquetás e Vinícius Jrs. Para aumentar seus valores de mercado, tal qual elegeram Renê o melhor lateral esquerdo do ano passado. Inventam alimento para a massa mastigar, consumir como verdadeiro e como se fosse alimento. Alimentandos e alimentados, fazem o círculo da vida, uma espécie de esteira hedônica emprestada dos ratos, onde o queijo de sempre é ofertado, deglutido e regurgitado ou defecado para novo processo de satisfação. Quem sabe uma nova Ilha das Flores, onde os restos são o substrato dos aminoácidos para o povo que não tem condições de consumir bem. Diego Alves, o repatriado mascarado de cristal que sente “dores” a cada vez que cai no chão, fez inúmeras defesas, mas o Fla foi melhor. O erro de Léo evitou o empate, mas o Fla foi infinitamente superior. E por aí vai. Não analisaram o desempenho e sim o resultado. E em cima dos resultados vão construindo seus castelos, desfilando seus príncipes milionários e escondendo o dragão Globo que os protege dos demais plebeus do Reino dos Urubus. Sou pela regionalização dos meios de comunicação, neste caso, de TVs locais com programação estadual, mas o poder central é maior. Em função do controle social, não reconhecem o país como uma federação. Seus olhos e suas (in)consciências são provincianos, bairristas, 'estadualmente' xenófobos. Trabalham em causa própria. Norte, Nordeste e Centro=oeste inexistem para eles. O Sul, é insignificante. O Rio Grande do Sul, voltou a ser desprezado. Quantos brasis há neste país que não é uma nação? “A nação é a rubro-negra, somos mais de 50 milhões de torcedores sobre o território.” Discurso. O discurso de bom futebol. A humanidade historicamente sofre na mão de seus sofistas, suas retóricas e seus convencimentos oratórios. Parece que isto será sine die, aguardando o próximo cataclismo. Não basta só o Athletico lutar contra este establishment. A emancipação há de vir de todos os outros, além dos athleticanos, no sentido de formação de uma Liga Nacional de Futebol, cujos fundos hão de ser distribuídos equitativamente, igualitariamente. Senão, a espanholização nos atingirá, teremos apenas Real Madrid (Flamengo), Barcelona (Palmeiras) e Atlético de Madrid (Athletico). Não duvidem do terceiro. E qual a graça de três clubes nacionais? Competindo apenas entre si, e sempre vencendo dos vulneráveis, hipossuficientes e iminentes falidos outros clubes? As pessoas gostam de ver que tipo de futebol? Futebol com jogadores ricos e famosos? Só eles são reconhecidos? Só eles têm mérito? Jogador bom é aquele que ganha em torno de 1 milhão de reais por mês? E os Brunos Guimarães da vida que ganham de ‘cinquentinha’ até ‘cemzão’? Quanto você ganha, caro leitor? Na sua profissão, o maior salário é compatível com o melhor profissional? Crises nacionais. Crise de reconhecimento que gera uma crise de identidade, ambas originando-se na velha crise de valores. Em todos os setores da sociedade civil, cada vez mais desorganizada, polarizada, excludente. Talvez as crises sejam como a da Educação: não é crise, é projeto. Quem sabe aquilo que estão fazendo com o Futebol Brasileiro (CBF, Comissão de Arbitragem, Rede Globo, Federações Estaduais, Mídia), é fruto de um soturno planejamento. Um preparatório para aculturar-nos do FUTEBOL AMERICANO. Um futebol faroeste. Fora da Lei. A Constituição já era. Que importe-se e outorgue-se a Commom Law. - “Sentido!” – sobe o hino, arria a Bandeira Estrelada e todos prestando continência (mesmo sem cobertura). Comecem a contar jardas, meus caros. O Brasil não é mais aqui... p.s.: Petraglia precisa voltar. E votar certo. Não consigo imaginar o Athletico sem Tiago Nunes. Estou no túnel Roça Nova, quem sabe exista uma luz no fim. A luz da unificação athleticana...
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Eduardo Pacheco De Carvalho
A Espanholização sob o Fracasso do Culturalismo. “Se você deseja conquistar uma nação, comece dividindo seu povo.” Já não importa quem escreveu isso, e minha falta de memória não permite dar créditos ao autor. Talvez tenha sido Sun Tzu. Ou não. Portanto, em tempos maniqueístas de apartheid social, colocados devida e voluntariamente em nossos polos, assistimos as desigualdades sociais ficarem a cada sufrágio mais evidentes. Engana-se aquele que, em relação a um determinado fenômeno social, considera-o limitado a alguns setores da sociedade, sem atribuí-lo caráter hegemônico, integral, totalizante. Trato aqui, da desigualdade social. Sim, em voga o sistema classista, entre opressores e dominados, dominantes e oprimidos. Num país que se permitiu chegar nesse ponto, há de se reconhecer que tal desigualdade alcança também o esporte, em especial o Futebol. Não obstante já venha acontecendo há tempos, hoje se exponencializa. As relações obscuras entre entidades envolvidas e a lei, seja a Maior ou a infraordinária, bem como as estatutárias e principalmente as contratuais, continuam deliberadamente a enfraquecer esse esporte, por mais paradoxal que pareça aos olhos dos favorecidos. Claro que esse “sistema” não se sustentaria sem o apoio da mídia esportiva, defensora e propagadora dos interesses comerciais e políticos de seus anunciantes, leia-se investidores. Não estão agindo em prol do esporte, mas sim visando a audiência, fazendo valer o paradigma do tamanho (clubes grandes x clubes pequenos), referência ou critério absurdamente excludente para pautar sua função comunicadora social, se é que se pode chamar assim. Perguntei para um ícone do jornalismo se o amor que a torcida do Papão sente pelo Payssandu, era maior ou menos que a urubuzada sente pelo Flamengo. Sem resposta, pois não há resposta, não há argumentos, nunca existirão respostas nem argumentos para tudo aquilo que for na contramão da evolução da sociedade, da libertação de um povo, de sua emancipação. Prevalece o silêncio, mas não é um silêncio fruto de conscientização, é sobretudo passional, como aquele que vê a esposa sendo mal educada no trato pessoal com uma impossível amante, sua apenas colega de trabalho: ele cala e ponto final. Esse doutrinamento midiático é uma das mais velhas formas de controle social, dirigindo e manipulando mentes ingênuas e acríticas, nada reflexivas, passivas ao extremo. Fale apenas de A e B, que A e B serão consideradas as únicas letras do alfabeto. Não se incomode em formas palavras: eles não querem ouvi-lo, por isso não há espaço para o povo de PR, SC, centro-oeste, norte e nordeste. Portanto, a dimensão dos espaços estruturais indicados por Boaventura, se apequena, seja por omissão, ingerência ou simples reprodução dos detentores do poder, fazendo com que o mercado se sobreponha à cidadania: a razão é mesmo indolente. E o culturalismo, essa espécie de justificativa capaz até de relativizar costumes de povos que cometem atrocidades contra direitos humanos, aparece no céu do desconhecimento não em sua versão clássica mundial, mas no modo racista, no sentido de que os hábitos se concretizam ao longo do tempo promovendo, ao sul do equador, a segregação geográfica dentro de uma mesma nação. Dominados PR, SC, centro-oeste, norte e nordeste, somos uma variante do racismo científico/étnico. Leia mais em Jessé Souza. Afinando a contextualização, assistimos perplexos neste início de 2019 uma progressão significativa dessas diferenças, no tangente ao volume de investimento dos clubes de futebol e suas respectivas receitas, proporcionalmente à situação geográfica em que se eles encontram. A mídia “esportiva” tem um papel fundamental na supervalorização de boleiros, elegendo como se fosse expert, os queridinhos da hora, em sua maioria, meros jogadores, jamais craques de Futebol. Assim nasceram Wagner Love e Oscar, e continuam parindo a fórceps os Paquetás e os Dudus da vida. A capacidade alquimista dos jornalistas da bola é de fazer de Paulo Coelho um simples ilusionário. Assim, são negociados no mercado internacional, tais atletas com status de heróis, provocando transações multimilionárias tornando o negócio, uma atividade surreal, aparentemente lícita, mas substancialmente imoral, quando se reporta às outras necessidades das populações mundo afora. Lavagem de dinheiro? Pense como quiser. Não bastasse o suporte midiático, a corrente televisiva detentora dos direitos de transmissão aloca dezenas de percentuais a mais para as ditas principais agremiações, restando a uma terceira, um patrocinador de peso. Imaginar o retorno que uma empresa teria em investir R$80 milhões por ano... repergunto como no fim do parágrafo anterior. Sempre em detrimento dos demais, a notícia é o mercado dos grandes, e suas loucuras financeiras. Será que não pensam naquela coisa chamada competitividade? Por que razão não há limites de salário ou contratação de um jogador? Quem ganha com isso? A torcida? Boleiros caríssimos são garantia de títulos dos campeonatos? Qual o clima nos vestiários de um atleta da base que joga mais que um famoso, ganhando 200 vezes menos que ele, e não é escalado por causa do mercado? As perguntas vão muito além da prorrogação. Então o clube A diminuiu em um ou dois mandatos suas dívidas tributárias e trabalhistas para R$454,6 milhões de reais, fato que lhe autoriza a pagar R$1.250.00,00 por mês para determinado jogador. Ah, mas não houve custo, está embutido no salário. Explica-se? O que acha o goleiro reserva que ganha 50 mil? Para um time que nem estádio próprio tem. Sabemos que os valores foram invertidos. Ou melhor: há inversão de valores. Só se fala em Flamengo e Palmeiras. Corinthians por fora. Um círculo vicioso de noticiário excludente, tal qual eram televisionados na década de 70, apenas os jogos de Rio e São Paulo, para o Brasil todo. Pessoas de outros estados nasceram assistindo isso. Tiveram descendentes. Todos ignorando até a existência dos times locais. Verdadeira alienação interna. Mas o livre-arbítrio atesta escolhas, mesmo com a ausência de critérios, jus solis e tais. A partir desse ano, Flamengo, Palmeiras e Corinthians farão do Brasil uma Espanha do hemisfério sul, onde apenas três equipes terão condições de levantar os canecos. Seja pelo suporte midiático, seja pelo patrocínio desvairado, seja pela influência nas entidades esportivas, suas federações e arbitragens. Sim, os três são os novos e exclusivos dominantes. Corremos por fora, paranaenses excluídos, com apenas um só representante, não partícipe do sistema. A duras penas e sem o dinheiro que desproporcionalmente favorece os poderosos com seu exército da comunicação. Esta que atua sem produzir qualquer espécie de conhecimento, mas principalmente reproduzindo e ampliando as forças de poder. Isso explica a ausência de reconhecimento por parte da mídia, no CAP como instituição honesta e inovadora. A tendência, caso nada se faça contra – como a criação da liga nacional, por exemplo – é a falência dos clubes injustiçados, mais desemprego de milhares de pessoas dependentes dessa atividade, e um troca-troca entre os três no pódio dos campeonatos, marginalizando o lazer de toda a população que não torcer para eles. O campeonato brasileiro reduzirá paulatinamente o número de participantes, acabando com 10 ou 8. Fim da competitividade, fim do entretenimento, fim da paixão nacional. Aproveitemos enquanto não soarem as castanholas. Aproveitemos enquanto houver sol. Enquanto houver vento...