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O Caldeirão venceu o clássico! Há 51 anos, caminho aberto para o título

Início de 1970. Para a torcida athleticana, o cenário não era nada animador. O Furacão iniciava a 12ª temporada desde a conquista do último título, em 1958. E o reencontro com o troféu estadual parecia um sonho bastante improvável.

O time rubro-negro era uma mescla de pratas da casa, novatos desconhecidos e alguns remanescentes do esquadrão que ficou no quase em 1968. Não era uma equipe ruim. Alfredo na zaga, Nilson Borges e Sicupira no ataque, o velho Djalma Santos, no alto de seus 40 anos, na lateral direita…

Mas o favoritismo morava em outro lado da cidade. O Coritiba buscava o tricampeonato e, em contraste com a interminável crise financeira athleticana, tinha caixa para montar e manter um grande elenco.

Quando o campeonato começou, parecia que as aves de mau agouro ainda demorariam um bom tempo para deixar os ninhos que haviam feito nos pinheiros do bosque da Baixada. Nos três primeiros jogos, três derrotas.

Mas no quarto jogo, o time se encontrou e goleou o Cianorte: 6 a 2. Foi o suficiente para despertar a força quase sobrenatural que mantinha o Athletico vivo naqueles anos de penúria: a força da torcida rubro-negra.

A quinta partida seria contra o Coritiba. E o clássico tinha o Furacão como mandante. Toda a imprensa esportiva da época fazia campanha para o jogo fosse no estádio do rival. Cabia mais gente, a renda seria melhor…

Mas o presidente Rubens Passerino Moura bateu o pé. O jogo seria no Joaquim Américo e não tinha discussão. Os coxas teriam que encarar o Caldeirão.

E foi assim que a velha casa athleticana viveu uma das maiores festas de sua história. Superlotadas, as arquibancadas de tijolo à vista entraram em máxima ebulição. Uma torrente de energia avassaladora transmitida para o gramado.

Quando o apito trilou, bastaram 90 segundos. Uma bola lançada para o ataque ia ficando com a defesa adversária. Mas o zagueiro Oberdan, atordoado pela pressão que vinha do outro lado do alambrado, deixou que ela sobrasse para Zé Leite.

O centroavante que entrava para a história naquele momento jogou pouquíssimas partidas. Convivia com problemas musculares e apelou para um tratamento alternativo para superar uma distensão na coxa: seções de hipnose.

Quem ficou hipnotizado pelo gol e pela explosão das arquibancadas foi o time rival. Ainda faltavam 89 minutos, mas a vitória rubro-negra já estava consolidada.

Sim, houve muita raça e muita bola jogada pelo time rubro-negro para segurar aquele placar. Os jornais destacaram as grandes atuações de Ferrinho, Djalma Santos e Nilson Borges.

Mas as manchetes foram todas para o povão rubro-negro. “O Atlético e sua torcida maravilhosa”, estampou no topo da página o Diário do Paraná.

Aquele triunfo abriu o caminho para um dos títulos mais comemorados dos 96 anos de história athleticana. O Furacão terminaria o campeonato como o grande campeão de 1970. Troféu que começou a ser conquistado naquele 1º de março, nas arquibancadas da velha Baixada.

Na história: Athletico Paranaense 1×0 Coritiba
Campeonato Paranaense 1970: Primeiro turno – Quinta rodada
Data: 01/03/1970
Local: Estádio Joaquim Américo
Público pagante: 14.675

Árbitro: Eraldo Palmerine
Assistentes: Anastásio Santana e Silvano Schoering

Athletico Paranaense: Valdomiro; Djalma Santos, Zico, Alfredo e Amauri; Miltinho e Ferrinho; Zé Leite (Reinaldo), Darci (Liminha), Sicupira e Nilson Borges
Técnico: Alfredo Ramos
Gol: Zé Leite, a 1′ do primeiro tempo

Coritiba: Célio; Hermes, Oberdan, Nico e Nilo; Bidon e Hidalgo (Lucas); Passarinho, Werneck (Joaquinzinho), Kruger e Rinaldo
Técnico: Filpo Núñez

Fotos: Acervo histórico/Athletico Paranaense

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