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De Porto Velho à Seleção!

Foto: Rafael Ribeiro/Confederação Brasileira de Futebol

Chegar à Seleção Brasileira principal com apenas 18 anos é um feito para poucos. No caso de um goleiro, uma façanha ainda mais incomum. Para o goleiro Mycael, do Furacão, um sonho que se tornou real antes mesmo de sua estreia como profissional.

Piá do Caju desde os 14 anos, Mycael foi chamado pelo técnico Ramon Menezes para o amistoso contra o Marrocos, no dia 25 de março. A convocação foi um reconhecimento pelo ótimo desempenho na conquista do Campeonato Sul-Americano Sub-20, em fevereiro.

Para Mycael, que completou 19 anos no domingo (12), a chegada à equipe principal do Brasil fecha um ciclo completo na Seleção. Desde o Sub-15, ele defendeu o time nacional em todas as categorias, destacando-se como um dos melhores goleiros de sua geração.

O embarque rumo a Tânger, no Marrocos, está marcado para o próximo sábado (18). Antes, Mycael ainda vai defender o Furacão no Campeonato Brasileiro Sub-20, na quinta-feira (16), contra o Fortaleza.

Após o último treino antes da viagem para o Ceará, Mycael relembrou sua trajetória desde os primeiros chutes pelas ruas e canchas do bairro Areia Branca, em Porto Velho (RO), sua cidade natal, de onde veio para se tornar mais uma grande revelação rubro-negra.

Clique aqui para ver a entrevista completa no Furacão Live ou leia os principais trechos abaixo.

Site Oficial: Como começou a paixão por defender a meta? 
Mycael: “Meu pai era caminhoneiro e minha mãe, dona de casa. Comecei a jogar bola com oito anos, na escolinha do Seu Zeca, na Areia Branca. Eu era lateral-esquerdo e em um dia que o goleiro não foi, acabei indo para o gol. Gostei e estou aí até hoje.”

Site: Como foi a chegada ao Athletico?
Mycael: “Participei de dois testes, com observadores do Athletico, que aconteceram lá em Rondônia. Daí eu tive a oportunidade de vir para cá. Aos 12 anos de idade, vim sozinho para cá, para jogar no Trieste, que tinha parceria com o Athletico. Tenho ótimas lembranças de quando vim conhecer o CAT Caju pela primeira vez, junto com outros três atletas. E aos 14 anos vim morar aqui.”

Site: Nesta época, você construiu uma amizade especial…
Mycael: “Quando vim morar em Curitiba, não tinha espaço nos alojamentos do Trieste. E minha família não tinha uma condição financeira boa para vir e se estabilizar aqui. Foi quando a família do Bernardo Pisetta abriu as portas para eu morar na casa deles, sem custo nenhum. Foi um momento que marcou minha vida. Sou muito grato ao Bernardo e à família dele. Foi um pilar na minha vida, que me ajudou bastante. O Bernardo era goleiro e eu era o reserva dele. E nunca houve qualquer briga, era uma disputa sadia. A família dele gostava muito de mim.”

Site: E sempre que possível, você homenageia o Bernardo.
Mycael: “Em 2019, o Bernardo foi para o Flamengo. E pouco depois aconteceu a tragédia no Ninho do Urubu. Foi um baque muito grande. A gente estava indo treinar e subimos para tomar o café da manhã, na tevê do restaurante estava passando a reportagem sobre o incêndio. Eu ligava, ligava e ele não atendia. Meu coração já começou a ficar apertado. E lá pelas 11h saiu a lista das vítimas. Até hoje eu tenho essa forma de homenagear ele, sempre jogando com a camisa com a foto dele por baixo. Eu sempre falo que no jogo vão ter 12 jogadores em campo. Um goleiro aqui embaixo e ele lá em cima, sempre junto comigo.”

Site: Sua história na Seleção começou ainda no Sub-15. Conte um pouco para nós. 
Mycael: “Tenho uma história muito bonita na Seleção, passando por todas as etapas. Em 2019, tive a felicidade de ser campeão sul-americano Sub-15. E depois de passar pelas outras categorias, este ano conquistei o meu bicampeonato sul-americano, pelo Sub-20. E agora, conquistei esse objetivo que todo jogador almeja, que é ser convocado para a Seleção principal. É um momento muito marcante e especial na minha vida.”

Site: Ficou surpreso com a convocação para a Seleção Principal?
Mycael: “Para mim, foi uma surpresa muito grande, que ficará marcada na minha vida. Mesmo antes de estrear como profissional, ter essa oportunidade é algo muito marcante. Foi totalmente de surpresa. O Ramon não havia comunicado a gente, nem dito nada. Estou com um frio na barriga, principalmente para se apresentar lá, cantar uma música, subir na cadeira… Vai ser um momento muito bom. Tenho um ídolo, que é o Ederson. Sempre assisti aos vídeos dele para me motivar. Agora, estarei lá junto com ele. É um momento muito marcante para mim.”

Site: E além desta convocação, logo também tem a disputa do Mundial Sub-20.
Mycael: “Está cada vez mais perto e vai dando aquele friozinho na barriga (o Mundial, que começa no dia 20 de maio). Tenho me mantido focado diariamente nos treinos. O que você planta, você colhe. E eu estou plantando aqui no dia a dia para colher lá no Mundial.”

Site: Como você tem encarado a transição para o time principal?
Mycael: “Agora é o momento mais difícil para um atleta, que é a transição. Tenho que treinar firme e me manter focado para quando chegar a oportunidade de estrear. Lógico que tem aquela vontade, mas precisa esperar o momento certo e agarrar a oportunidade. O Bento é uma referência para mim e para todos os goleiros mais novos.”

Fotos internas: José Tramontin/athletico.com.br

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