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“Vingativa, Globo transforma jogo do Athletico em ‘fantasma'”: Leia o texto de Cosme Rímoli

O jornalista e colunista da R7, Cosme Rímoli, destacou os acontecimentos que transformaram o jogo diante do Fluminense em uma partida “fantasma”. Leia o texto abaixo ou clique aqui

Vingativa, Globo transforma jogo do Athletico em “fantasma”

Desespero na Globo.

A emissora que, há décadas, teve o monopólio de transmissão do futebol no Brasil, está lutando como pode contra a democratização, a modernidade no esporte.

Procurando a justiça até para ir contra os clubes, enfrentando até a Medida Provisória 984, do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Ela permite que, como na Europa, o clube mandante seja o responsável pela transmissão de suas partidas. Mesmo que o adversário tenha contrato com uma emissora.

A MP foi promulgada em 18 de junho de 2020. Está em pleno vigor. Tinha 60 dias e foi prorrogada por mais 60 dias, como manda a Constituição, para que dê tempo para ser analisada pela Câmara dos Deputados e Senado. E deixe de ser provisória, se transformando em um parágrafo da Lei Pelé, a que rege o futebol no país.

Foi assim que o Flamengo, sem contrato com a Globo, se tornou dono de seus jogos como mandante, nas partidas decisivas do Campeonato Carioca.

A concorrente Turner, que conseguiu romper o monopólio na tevê fechada, e tem contrato com sete clubes no Brasileiro, tenta usar a MP para mostrar os jogos de: Athletico, Bahia, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos.

Mas advogados da emissora conseguiram, por enquanto, barrar as transmissões. A Globo, vingativa, ainda processa a emissora norte-americana.

E a vingança segue forte contra quem ousar ‘desafiá-la’, mesmo usando a legislação do país.

O clube não tem contrato de pay-per-view com a Globo. Considera os valores oferecidos baixíssimos.

E decidiu criar a sua plataforma de streaming, a Furacão Play.

Usar a Medida Provisória 948.

Transmitir seus jogos como mandante, como fez o Flamengo, no Carioca.

Mas a Globo acionou seu grupo de advogados.

Conseguiu que a 15ª Vara Cível da Comarca de Curitiba impedisse a transmissão dos jogos da equipe do Paraná. E impôs uma multa de R$ 2 milhões por partida que a Furacão Play ‘ousar’ mostrar.

A medida já impediu a transmissão da partida contra o Palmeiras, na quarta-feira.

Amanhã, será a mesma coisa, diante do Fluminense, na Arena da Baixada.

E a Globo foi muito vingativa.

Para mostrar seu poder, ela transformará a partida em fantasma.

Ninguém a verá.

O público está impedido de ir ao estádio, por conta da pandemia.

A Turner segue travada na justiça de exercer a MP 984 e não pode mostrar o jogo.

A Furacão Play, a mesma coisa.

E a Globo decidiu não mostrar o jogo na tevê aberta.

Foi além.

Avisou a direção do Athletico que, se o clube insistir em tentar usar a medida presidencial para transmitir seus jogos no pay-per-view, como mandante, como autoriza a legislação, tomará uma providência drástica.

Rescindirá o contrato na tevê aberta.

Ou diminuir o pagamento já combinado.

“É preciso ter bem claro que, a prevalecer a manobra do réu, em frontal violação aos contratos já celebrados, a autora reavaliará a conveniência de manutenção dos contratos já celebrados e a possibilidade de interrupção de todos os pagamentos ainda pendentes de acordo com esses contratos ou sua eventual redução”, diz a ação aprovada na 15ª Vara Cível da Comarca de Curitiba.

Violência, ameaça.

A Globo está usando o Athletico como exemplo.

Para os clubes que ousarem enfrentá-la.

Não tomou a mesma providência com o Flamengo, pela força popular do clube de maior torcida no país, e seu principal aliado há décadas. Equipe que mais mostra jogos ao vivo há décadas.

A atitude da Globo é revoltante.

A emissora promete tomar a mesma atitude com outros clubes que a enfrentá-la.

E usar a Medida Provisória do presidente da República.

É algo lastimável.

E que só depende da Câmara e do Senado.

Basta a MP virar lei.

Aí, o império do monopólio ruirá de vez.

A Globo já faz pressão em Brasília para travar a MP.

Mas ela deverá ser votada.

Ainda em 2020.

A transmissão do futebol tem de ser democratizada…

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